Revista Sesvesp Ed. 105 - Janeiro / Fevereiro 2012 | Page 23

metimento dos magistrados na tarefa de solucionar todos os recursos pendentes de julgamento. O 2º grau julgou mais processos do que recebeu. Em 2011, foram recebidos 94 mil novos processos e proferidas 130 mil decisões, o que permitiu a redução expressiva, em torno de 30%, do estoque de processos pendentes de solução. Tal empenho prossegue em 2012. Em 2010, o 2º grau de jurisdição iniciou o ano com um saldo residual de 103.771, registrando em fevereiro de 2012 apenas 36.847 processos. Essa produção foi alcançada sem a estrutura adequada, que exigiria mais servidores por gabinete”. Já Percival Maricato contrapõe-se ao defendido pelo Presidente do TRT 2ª Região. dias que o fórum não abre. Em uma situação como essa, deveriam tratar as partes com muito mais tolerância e elegância, mas todos sabemos como acontece na realidade. O Presidente do TRT explica o porquê da qualidade das sentenças e a análise apressada que os advogados sentem serem feitas de suas peças. Cada juiz elabora SEIS SENTENÇAS POR DIA ÚTIL. É absolutamente impossível dar sentenças de qualidade dessa forma. Afinal, ele próprio diz que para dar uma decisão o juiz precisa procurar por doutrina, jurisprudência, etc, além de ler dezenas, às vezes centenas de páginas. E pode-se tirar mais conclusões: o que explica a necessidade de seis sentenças É preciso reformar a CLT Consolidação das Leis do Trabalho, tornando mais claras as obrigações das empresas com seus trabalhadores, eliminando outros pontos que geram conflitos, criando condições para termos sentenças de melhor qualidade” “Notícias recentes dos jornais explicam porque os juízes marcam audiências a cada dez minutos na JT, fazem partes, testemunhas, advogados, esperarem horas para entrarem em suas salas, às vezes adiam as audiências após horas de espera. Como se constata, nenhum deles é encontrado no fórum às sextas feiras. Isso para não dizer dos aproximadamente noventa dias entre férias e por dia? Simples, o fato da ida à Justiça do Trabalho ter se tornado esporte nacional. Mais que um Maracanã por dia comparece nas diversas lides. É difícil encontrar no país um micro empresário com dois funcionários que não foi chamado em reclamação trabalhista logo no primeiro ano. Será que todos os empresários brasileiros são delinqüentes nessa área? E todos os trabalhado- Percival Maricato, do Escritório Maricato e Associados, e Vice-Presidente da CEBRASSE - Central Brasileira do Setor de Serviços res também, pois a grande maioria dos micro e pequenos empresários foram trabalhadores antes? Para que todo brasileiro seja descumpridor de obrigações, basta aparecer a oportunidade? Acrescente-se que parte do crescimento das reclamações se dá em decorrências de muitas decisões que premiam o reclamante com valores ou em situações que nem ele esperava. E assim, estimula-se muitos outros a irem reclamar, criando uma ciranda de rotatividade que prejudica imensamente não só empresas, mas o país. E como os empresários começam a desconfiar da futura reclamação, deixam de investir em seus trabalhadores. Quando isto mudará? Evidente que a situação ira piorar, se não erradicarmos o mal pela raiz, reformando a CLT, tornando mais claras as obrigações das empresas com seus trabalhadores, eliminando outros pontos que geram conflitos, criando condições para termos sentenças de melhor qualidade. Mas que reforma pregaram os juízes até agora, para atingir esses objetivos? Pelo que se ouve da entidade que os representa, o número de reclamações dobrará nos próximos anos”. janeiro / fevereiro 2012 |23| Revista SESVESP