Revista Sesvesp Ed. 103 - Setembro / Outubro 2011 | Page 21
ENTREVISTA
Segurança requer responsabilidade
A
tual diretor
executivo da
Abrevis, Paulo
Lacerda traz
para o universo empresarial da segurança privada
sua ampla experiência e
expertise da área pública,
na qual atuou como Delegado da Polícia Federal, tendo
exercido diversas funções,
dentre elas a de diretor-geral. Agora, do lado privado da segurança, já traça
os principais problemas e
desafios do setor, como a
legislação ultrapassada que
abre espaço para a prestação
de serviço desqualificada e
clandestina. Acompanhe a
entrevista abaixo:
Revista SESVESP - A segurança privada brasileira é
uma das maiores no mundo. Entretanto, isso ainda
não é reconhecido pelas
autoridades e a sociedade
em geral. O que falta, na
sua opinião, para que isso
aconteça?
Paulo Lacerda - Ainda
é relativamente recente a
regulamentação das atividades de Segurança Privada no
Brasil, haja vista que a sua
norma basilar tem menos
de 30 anos, surgindo com a
edição da Lei 7.102/83. Em
razão disto, o reconhecimento de sua efetiva importância pela sociedade brasileira
vem ocorrendo de forma gradual mas consistente. Hoje
as empresas de vigilância e
segurança estão presentes
em praticamente todos os
recantos do território nacional prestando serviços
nas diversas áreas de atividades econômicas e sociais, contribuindo para o
desenvolvimento do País.
A melhor qualificação dos
profissionais e o combate
das atividades clandestinas
pela Polícia Federal ajudarão ainda mais o processo
de visibilidade e melhoria
da imagem da segurança
privada no Brasil.
Revista SESVESP - Quais
são, hoje, os maiores gargalos da segurança privada
no Brasil?
Paulo Lacerda - Existem
alguns gargalos que não são
apenas inerentes ao segmento
da segurança privada, pois
atingem todo o empresariado nacional, como a elevada
carga tributária e o peso dos
encargos trabalhistas, com
tendências sempre crescentes. Quanto aos problemas
específicos do setor, creio
que um dos males reside na
concorrência predatória e
desleal praticada por certas
empresas “de fachada”, que
se apresentam no mercado
sem condições adequadas e
com preços irreais de serviços.
Quando contratadas, além
de não cumprirem com as
suas obrigações trabalhistas
e fiscais, ainda denigrem a
imagem da segurança privada, prestando serviços de
péssima qualidade. Ao serem demandadas pela via
judicial, os proprietários de
tais empresas acabam se beneficiando da lentidão da
Justiça ao mesmo tempo em
que encerram as atividades
e abrem novas empresas,
‘A atividade de segurança deve ser
exercida por profissionais capacitados
e executada com planejamento e alto
senso de responsabilidade’
Paulo Lacerda, Diretor Executivo da ABREVIS
não raro em nome de terceiros - os “laranjas”. Por fim,
o outro concorrente nocivo
é a segurança clandestina,
que emprega mão-de-obra
desqualificada e irregular.
Revista SESVESP - De que
forma o segmento deve trabalhar no sentido de resolver tais problemas?
Paulo Lacerda - As principais soluções poderão vir
com o novo Estatuto da Segurança Privada, cujo projeto
está sendo cuidadosamente elaborado pela Secretaria
de Assuntos Legislativos do
Ministério da Justiça, a ser
enviado em breve ao Congresso Nacional, sendo resultado de um estudo iniciado na Coordenação-Geral
de Controle da Segurança
Privada da Polícia Federal,
tendo recebido ainda várias
contribuições de entidades
das categorias empresariais e
laborais. O referido anteprojeto de lei contém dispositivos que poderão representar
grandes avanços no sentido
da maior profissionalização
das atividades de segurança privada no Brasil, como
também tenderá a reduzir
práticas irregulares ao estabelecer inclusive a criminalização de condutas ilícitas.
Revista SESVESP - Qual
sua expectativa com relação
à aprovação do Estatuto da
Segurança Privada?
Paulo Lacerda - Vem sendo
muito positivos os contatos
nestes últimos meses dos
dirigentes da Abrevis (AssoRevista SESVESP
|21| setembro / outubro 2011