A publicação da Carta do Samba faz referência a todos compositores, intérpretes, sambistas, estudiosos, amigos do samba e interessados em geral.
Em sua página 7 o redator – Edison Carneiro enfatiza sobre o samba “Tal evolução natural, que reflete o jogo de forças da sociedade brasileira, deve ser protegida com Inteligência e serenidade, que não exclui vigor se necessário, mas sem por em perigo a liberdade de criação artística”.
Além das gravadoras já citadas, a TV também está presente. No texto há sugestão para que a OMB – Ordem dos Músicos do Brasil assegure o cumprimento dos decretos que obrigam as TVs a transmitir 60% de música brasileira. Também demonstra o desejo que a OMB diligencie para evitar que os efeitos do poder econômico causem efeitos desastrosos na instrumentação e na orquestração do samba. Quanto ao Samba Enredo sugere seja de composição simples e direta de fácil interpretação.
Na pagina 11 da Carta do Samba II - Carneiro escreve sobre a coreografia do samba “No tambor de crioula do Maranhão, no tambor do Piauí, no bambelô do Rio Grande do Norte, no samba de roda da Bahia, no samba e no partido alto da Guanabara, no jongo do Estado do Rio de Janeiro e São Paulo, no batuque e samba lenço paulista, no caxambu fluminense e mineiro, esta é a forma tradicional de expressão coreográfica daquilo que chamamos samba.”...”O passo de deslize, de iniciativa do sambista, desautoriza e desaconselha, porém, a formação de grupos de passistas que, em vez de demonstrar a sua habilidade cada qual os passos, letras (também chamadas de assinaturas onde o passista desenhava uma letra durante a dança) e meneios que a sua pericia e domínio de si permitam, procuram imitar danças de origens estrangeiras.”
Muitos são as equações apontadas, e atuais, nesta Carta do Samba e que ainda merecem discussões e aprofundamentos. Ainda sugere que a música que se destina ao exterior – ao Brasil também, tenha um tratamento moderno – harmonização e orquestração, para não ser pouco menos do que “um exotismo rudimentar.”
Na ocasião foi sugerido a construção do Palácio do Samba que só poderá surgir “se efetivamente contar com o esforço e a dedicação coordenados e fraternais da futura organização única das escolas de samba, das suas filiadas, de compositores, intérpretes, estudiosos e amigos do samba em geral.”
A Carta do Samba foi aprovada pelo I Congresso Nacional do Samba de 28 de novembro de 1962 – Ministério da Educação e Cultura, Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. Documento composto e impresso na Editora e Gráfica Polar.
Edison carneiro
Carnaval Rio de Janeiro
Revista Samba Acadêmico Especial Resenha de Batuqueiros 19