Revista Reflita revista | Page 22

E, sobretudo, desenvolv- er o respeito ao próximo. Isso começa, no entanto, dentro do campo, fazendo com que os jogadores se- jam mais compreensivo, evitando brigas e falar cois- as que incentiva brigas en- tre as torcidas organizadas. Não existe nada menos ir- racional do que tirar uma vida por causa da camiseta que a pessoa está vestindo. A Federação Paulis- ta de Futebol, sabendo que a situação estava ficando cada vez pior, resolveu cri- ar as torcidas únicas. Ou seja, nas partidas intituladas como “clássicos”, apenas a torcida do time mandante poderia estar presente no estádio. Essa medida, certa- mente, melhorou a situação, embora não tenha resolvi- do completamente. Apesar disso, o desrespeito conti- nua, pois sempre ouvimos falar de novos casos de bri- gas de torcedores. Ademais, não se sabe se algum dia, portanto, as torcidas mis- tas em clássicos voltaram. Foto: Caio Henrique Amor eterno As torcidas organiza- das nasceram para os torce- dores fanáticos. O objetivo, no entanto, não era começar brigas e rivalidades. Ess- es torcedores, geralmente, costumavam frequentar to- das as partidas dos clubes, saber toda sua história e fazer loucuras para compro- var esse amor. “Mesmo sof- rendo no emprego humilde, recebendo broncas do chefe, cumprindo as rotinas humil- hantes, eu não via a hora de chegar às sextas-feiras para sair da empresa com a alma leve, porque sabia que se- ria protagonista no sábado ou no domingo, muitas das vezes até à noite, eu ia me encontrar com os compan heiros da organizada para fazer festa no na quadra ou ir até o CT para incenti- var o time”, revela Melqui. Embora as torcidas organizadas passe uma im- agem negativa para o fu- tebol, os grupos familiares ou de amigos continuam frequentando os estádios, tanto nas partidas normais quanto nos clássicos. Alex- andre Silva, membro da tor- cida organizada dos Gaviões da Fiel, acredita que “as pes- soas continuam a ir para o estádio por causa dos senti- mentos que vivenciam. Toda vez que vou em um estádio diferente, sinto sentimen- tos novos. É uma coisa que não dá pra vivenciar assistin 21 do o jogo pela televisão”. As torcidas organiza- das, que deveriam apenas torcer de uma forma organi- zada, porém com mais amor e desejo pelo clube do que o torcedor normal, preciso aprender a respeito. Embo- ra tenhamos muitos prob- lemas entre essas torcidas, talvez algum dia o respeito seja maior do que o ódio. Os jogadores, porém, precis- am perceber que, na maio- ria das vezes, as situações são criadas dentro do cam- po e manifestada fora dele. O Dr. Sócrates, ex-jogador do Corinthians, costuma- va gritar dentro do campo “viva a liberdade… a de- mocracia e a justiça social”.