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Torcidas organizadas: misto de amor e ódio O amor cego que cria o ódio entre os torcedores A paixão dos brasileiros pelo futebol é incontestável. As torcidas organizadas estão aí para comprovar o fato. Essas pessoas vivem pelo clube, pois, além de te- rem todas as camisetas do clube, acompanham todas partidas, fazem tatuagens e sabem qualquer infor- mação. Além do mais, não se diz da boca para fora que o Brasil é o país do futebol. A torcida sempre foi indispensável durante a re- alização das partidas de fu- tebol. Hoje em dia, inclusive, estão presentes até nos tre- inos dos clubes, fazendo festa, cantando e soltando fogos. Isso motiva os joga- dores, certamente, que pre- cisam do apoio da torcida para manter o foco dentro e fora de campo. Essas coisas fazem com que as pessoas e os jogadores se identifiquem cada vez mais com os clubes. Dessa forma, por que surgem as brigas dentro do que deveria ser apenas um esporte? Melqui da Silva, membro da Torcida Jovem do Santos, diz que “meu pai sempre falava dos três jo- gos finais que ele conseguiu acompanhar entre Santos e Palmeiras em 1959, no Pacaembu, no qual decidi- ram o campeonato paulis- ta daquele ano. Foram três jogos em uma semana com palmeirenses e santistas sentados lado a lado, sem que nenhuma briga acon- tecesse. Ele me falou que também era assim com Corinthians e São Paulo. Ambas as torcidas se res- peitando, sentados ao lado, atrás ou na frente, ao final os derrotados até cumpri- mentavam os vencedores.” RIVALIDADE Na cidade de São Pau- lo, sabemos que quatro tor- cidas organizadas (Mancha Verde, Gaviões da Fiel, Tor- cida Independente e Torcida Jovem) costumam causar muitos problemas para a so- ciedade. Esses problemas, todavia, surgiam quando aconteciam confrontos di- retos, como, por exemp- lo, Corinthians e São Paulo. Brigas... mortes e patrimô- nios públicos destruídos começaram a parecer nor- mal. No entanto, as coisas 19 começaram a piorar. Nas re- des sociais, as torcidas orga- nizadas começaram a marcar lugares para poderem “bri- gar”. Além do mais, pessoas que faziam parte do sistema organizado, começaram a agredir e matar torcedores de outras equipes que sim- plesmente caminhavam pelas ruas com camisetas dos seus clubes. Ou seja, a situação era crítica e a CBF precisava fazer alguma coi- sa para resolver a situação. O espetáculo aca- bou se tornado uma grande dor de cabeça. As torci- das começaram a achar que causando brigas iriam ser reconhecidas. “Existe um juramento que você faz quando vai pegar a sua pri- meira camiseta da organi- zada. Você promete honrar, defender e respeitar. Além disso, você também jura sempre ajudar o seu ‘irmão’ dentro da organizada”, re- lata Alexandre Silva, in- tegrante da torcida orga- nizada dos Gaviões da Fiel. Apesar disso, quan- do estamos conversando com um torcedor normal ou alguém que faz parte de