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contos
Riscos diários
Gabriel Albino Mouta
Era uma segunda-feira como outra qualquer. As crianças acordavam cedo para ir à escola,
e os pais para trabalhar. Maria, mãe de 3 filhos, vendia frutas na feira, enquanto José, seu
marido, tinha um emprego no centro da cidade.
A descida do morro era cansativa, mas José sabia que era necessário para o sustento da
família. A violência tomava conta da região, o que preocupava todos dentro de casa.
Tudo ocorria normalmente naquele dia. As crianças chegaram no horário de sempre e, no
finalzinho da tarde, Maria já estava de volta. Porém José...
O pai de família, sempre tão responsável, que nunca se atrasava e dava sempre satisfações
de onde estava para não preocupar a mulher, dessa vez não havia dado nenhum sinal.
“Talvez o celular tenha descarregado”, pensava Maria, em uma tentativa de justificar o
atraso. Outras mentes preocupadas pensavam no pior, já que ouviram barulhos de tiros
mais cedo.
Tiros e perseguições policiais eram praticamente normais naquele lugar, já havia se
tornado uma rotina. Mas, dessa vez, nada estava igual para esta família. Todos pensavam
“será que ele vai voltar?”.
A notícia de um corpo atingindo por tiros não muito longe dali causou angústia em Maria,
e ela resolveu ir verificar.
O local estava cercado por policiais, mas o corpo estava coberto e não se podia ver.
Alguns vizinhos afirmavam ter sido José, outros juravam que não. Uma troca de tiros
havia ferido um inocente. Ou será um bandido? Quem sabe um policial?
Durante anos, Maria não parava de pensar: “será que ele vai voltar?”.
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