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contos
Será mesmo amor?
Débora Kelly dos Santos
Pi, pii, piii... O alarme tocava, e eu só pensava em dormir mais. Bom, estava em minha
fase de adaptação no ensino médio: novo colégio, novos amigos, um novo ciclo havia
chegado à minha vida. Foi quando você chegou. Veio me encantando aos poucos e
quando me dei conta já estava apaixonada. A gente corria antes que meu pai fosse me
buscar no colégio, íamos tomar açaí, voltávamos correndo e fingia que nada tinha
acontecido. Quando eu chegava em casa, a primeira coisa que fazia era olhar o celular.
Lá tinha mensagens suas falando que amou passar o dia comigo e que eu era sua melhor
companhia. Íamos dormir todos os dias na ligação, que geralmente duravam 6 horas e 20
minutos. Você cuidava de mim. Eu, com a minha alergia a leite, corria para comer
chocolate escondido. Você chegava e tomava da minha mão. Me mandava memes, dizia
que eu completava suas playlists, me chamava de uma boa ouvinte, fazia músicas pra
mim... E, sim, eu era a sua maior fã. Ficava triste em casa, contando os segundos pra ter
ver novamente no outro dia. A distância incomodava, mas, ainda assim, eu te amava.
Nosso relacionamento não era perfeito, como nos filmes. Tinha lá suas desavenças, crises
de ciúmes, provocações... Você trazia flores pra mim, trazia pulseiras da aldeia hippie...
Eu via o pôr do sol e só conseguia lembrar-me de você. Na aula de educação física você
era o meu Neymar! Nada nem ninguém tiravam meus olhos de você. Eu admirava tudo
que você fazia, e, de novo, ia pra casa, sentia saudade, chorava, ligava, sorria e ainda
assim, te amava. Foi quando recebi uma ligação dizendo que eu havia passado na prova
que tinha feito para ingressar no Instituto Federal da Bahia. Foi nossa pior fase. A fase
em que tudo acaba. Como iríamos manter um relacionamento a distância, se meus pais
nem de você gostava? Eu fiquei sem chão! Você fez uma despedida pra mim. Tomamos
pela última vez o nosso açaí, apenas com granola e frutas. Você cuidava tão bem de mim!
Chegou o momento de você ir. Foi o pior dia de toda a minha vida, Faz 5 meses que não
nos vemos. Não nos falamos como antes. Parece que o encanto acabou, mas todos os dias
eu vejo nossas fotos, nossos vídeos, e penso como tudo seria se eu ainda estivesse lá
contigo. É óbvio que é algo que me incomoda muito, mas que aos poucos irei me adaptar
e passar a aceitar. Mas esses 5 meses ainda não foram suficientes pra eu esquecer seu
cheiro, o som do seu coração batendo, a sua voz, o seu abraço – que por sinal é o melhor
abraço do mundo – e o seu beijo. Espero que a gente ainda se encontre, com uma
maturidade mais elevada, e que o universo decida. Então, confio. Você sempre será o meu
leãozinho, e sua juba sempre será meu melhor travesseiro. Suas pegadas estarão
registradas aqui no meu coração. Obrigada por ter sido meu pontinho de paz e equilíbrio
no mundo. Desde que você se foi, levou uma parte de mim, e me deixou perdida, num
labirinto sem fim. Mas ainda assim eu te amo, pra sempre!
Foi quando acordei e lá estava um buquê de flores e uma cartinha. Isso tudo foi um sonho.
Lá estava ele, olhando pra mim.
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