REVISTA PODIUM Revista Podium edição 12 - Mai 2017 | Page 32

CIÊNCIA

CIÊNCIA

Monitoramento do Treinamento Esportivo

POR LUIS VIVEIROS *

Desde meados do século passado , profissionais do esporte se dedicam ao entendimento das cargas de treinamento com a observação de diferentes mecanismos para o melhor ajuste de sua periodização . Contudo , alguma coisa parece interferir no ambiente interno do nosso organismo durante a prática esportiva , que conforme a sua intensidade , duração e tipo , pode dificultar sua manutenção , potencializando o acometimento da fadiga precoce ou mesmo do overtraining .

A partir dessa observação , um grande número de trabalhos científicos foi desenvolvido , em áreas diversas do conhecimento , como a fisiologia do exercício , biomecânica , bioquímica e neurociências , que levantou hipóteses e modelos teóricos para explicar as respostas do organismo aos diferentes estímulos provocados pelo exercício .
Um grupo de pesquisadores , liderados por Franco Impellizzeri , propôs o monitoramento dos treinos através do entendimento das cargas internas e externas . A proposta é que as adaptações produzidas no organismo pelo treinamento , através das alterações biológicas e potencial genético , representam a carga interna de treino , enquanto a prescrição do treino em si ( exercício , volume e intensidade ) representa a carga externa .
Neste sentido , o monitoramento do treino possui relação direta com o acompanhamento da carga interna que , segundo as diferentes áreas do conhecimento , pode valorizar mais uma determinada variável . Exemplo : alterações na frequência cardíaca , hormônios , lactato e a percepção subjetiva do esforço ( PSE ), ou mesmo a observação externa do desempenho e marcas dos atletas .
Em função da facilidade de aplicação , a PSE se apresenta como um controle interno de monitoramento , aplicado à rotina das sessões de treino , por meio do entendimento das respostas periféricas , sinalizadas pelos músculos esqueléticos e pelas respostas cardiovasculares centrais , analisadas pelo córtex .
O sistema nervoso central , a partir destas informações , produz a percepção geral de esforço através de mecanismos de feedback . Nos últimos dez anos o grupo de pesquisadores liderados por Samuele Marcora , propôs que , independente dos estímulos musculares e cardiovasculares , a PSE parece ser influenciada diretamente por estímulos corolários , relacionados com mensagens enviadas do córtex motor ao sensorial . Desta forma , a PSE aferida após a sessão de treinamento pode representar uma resposta psicobiológica ( esforço �sico e o estado de motivação do atleta ) armazenada no sistema nervoso central .
O pesquisador Carl Foster em 2001 propôs , de forma aplicada , que o treinador poderia simplesmente perguntar ao atleta vinte a trinta minutos ao final da sessão de treinamento , qual era a PSE do mesmo através da escala CR10 , seguido da multiplicação do tempo da sessão pelo escore obtido na mesma escala ( Tabela 1 )
Wagner Carmo / CBAt
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