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MEUS NEGÓCIOS NO MUNDO MÓVEIS MUDAR PARA EXPORTAR T Edson Valente F Sergio Ranalli Para aumentar as vendas no mercado internacional, a fabricante de estantes paranaense Linea Brasil contratou funcionários especializados, mudou proce- dimentos e estudou os destinos escolhidos. Hoje, as exportações respondem por 20% do faturamento de R$ 120 milhões Foi apenas em 2010, 18 anos de- pois da sua fundação, que a Linea Brasil, fabricante de estantes e ra- cks de Arapongas (PR), começou a se voltar para o mercado exterior. Até então, a falta de foco da empre- sa impedia que um modelo de in- ternacionalização fosse desenvolvi- do. “A Linea enfrentava um dilema. Nossos móveis eram caros demais para o mercado popular, mas não se encaixavam em um segmento mais nobre”, diz o fundador e pre- sidente, Elio Sergio Pavanato, 57 anos. A crise de identidade, afirma, devia-se às divergências entre ele e sua então mulher e sócia, Roseli Giocondo, 52. “Ela apostava em uma linha segmentada, com pro- dutos de maior valor agregado, e eu sempre preferi os móveis feitos em escala e com preços mais em conta”, diz. Quando Elio e Roseli se se- pararam, em 2010, a sociedade foi rompida. Sozinho à frente do ne- gócio, o empreendedor simplificou o processo produtivo, reduzindo o número de cores da mobília e a quantidade de espessura das cha- pas. Nessa época, a Linea já comer- cializava seus móveis em todo o Brasil, com um faturamento anual de R$ 24 milhões. Mas as vendas internacionais eram pontuais, para 60 PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS WWW.REVISTAPEGN.COM.BR OUTUBRO, 2017 clientes da América do Sul que procuravam a empresa em feiras como a Movelpar, realizada em Arapongas. “Nossa exportação era amadora”, diz Pavanato. Na época, chegaram a sofrer alguns calotes de compradores do Chile e dos Estados Unidos. Em 2012, o fundador deci- diu investir em internacionaliza- ção. Para dar início ao processo, contratou um assistente interno de vendas com bons conheci- mentos de comércio exterior. “Precisávamos de alguém com essa expertise e que estivesse fa- miliarizado com questões como documentação e agendamento de contêineres”, afirma. Uma das lições aprendidas na nova fase foi a necessidade de contra- tar seguros para evitar riscos nas operações de exportação. Outra decisão acertada foi a de inter- nalizar uma série de procedi- mentos, como programações de entregas e trâmites de logística. Dessa maneira, a empresa não precisou mais terceirizar essas atividades, o que reduziu gastos e aumentou o controle. Em 2013, foi chamado um gerente para li- dar diretamente com os impor- tadores, eliminando a figura do distribuidor. “Representantes terceirizados vendem pro- dutos de várias marcas, em diferentes segmentos, o que diminui a efetividade. Ter alguém que cuide só do seu negócio é fundamental para buscar mercados, entender os concorrentes e definir um preço mais competitivo.” Compreender as parti- cularidades de cada destino também fez parte do apren- dizado. Na Argentina e na Bolívia, por exemplo, existe uma limitação em relação ao volume de peças que podem entrar no país, além de taxas que encarecem os produtos importados. Alguns países da África, por sua vez, res- tringem o montante de dóla- res a ser enviado para o ex- terior. E, seja qual for o país, negociações com grandes varejistas são sempre longas e complexas. “Em geral, os gigantes já têm fornecedores que atendem às suas neces- sidades”, afirma. “Só abrem as portas quando algum des- ses fabricantes passa a não mais satisfazê-los em quesi- tos como qualidade ou pon- tualidade. É preciso ficar de olho nessas brechas.”