sensível contemporânea; como
elas criam deslocamentos e
rupturas em um corpo comum
recheado 2 por diferentes corpos. dos “respiros” foram pensadas
em um regime de parceria entre
a equipe da revista e as pessoas
que nos enviaram suas obras.
Tendo como referência a revista
Navilouca — editada por Waly
Salomão e Torquato Neto em 1971 e
publicada em 1974 — buscamos uma
aproximação com poetas locais com as
quais dividimos nossas inquietações.
Este diálogo nos conduziu através de
experimentações gráficas que serviram
como matéria-prima para divulgação
da nossa chamada aberta nas redes
sociais. As peças produzidas através
destas experiências orientaram
não apenas o projeto gráfico
deste volume, mas também o tom
poético dos textos enviados. Compreendemos a prática
editorial como experiência de
ensino-aprendizagem. Através da
elaboração de vivências, procuramos
experimentar as técnicas gráficas
incorporadas ao projeto da revista,
abrindo, deste modo, clareiras para
que as estudantes cultivassem
suas poéticas além do espaço
da publicação. São frutos destes
processos a exposição Respiros
Poéticos, de Zulmira Correia
— orientada por Laura Castro
e Evandro Sybine —, e os perfis
de Gabriela Correia compostos,
respectivamente, a partir de uma
visita a uma antiga tipografia no
centro histórico da cidade e através
de saídas fotográficas com poetas
que colaboraram com o projeto
desde os momentos iniciais.
Parafraseando o designer canadense
Bruce Mau, nosso processo criativo
buscou substituir a divisão de
trabalho pela síntese, curadores
e autores por colaboradores e
parceiros, executar tarefas por
negociar espaços, produção máxima
por feedback máximo, e forma
aplicada ao conteúdo por forma
e conteúdo simultaneamente
evoluindo e enriquecendo
um ao outro (MAU, 2000).
Neste sentido, buscamos o diálogo
constante com os autores e
autoras das obras que compõem
a revista. A depender da abertura
e disponibilidade de cada parte
envolvida, estes diálogos interferiram
em diferentes níveis na configuração
dos trabalhos, seja esteticamente,
ou nas questões relacionadas à
edição de conteúdo. Assim, tanto
a diagramação dos textos, quanto
a escolha das imagens dos ensaios
fotográficos, ou ainda a escolha
das técnicas para a composição
Deixamos aqui o convite para
que você se engaje na discussão e
interfira na publicação ao encontrar
brechas e lacunas como esta 3 :
(2) Um dos textos
seminais utilizados
na construção do
conceito dessa edição
foi o poema abaixo,
intitulado: “Momento
VIII”, de Arnaldo
Antunes (2000).
O corpo existe e
pode ser pego. / É
suficientemente opaco
para que se possa vê-lo.
/ Se ficar olhando anos
você pode ver crescer o
cabelo. / O corpo existe
porque foi feito. / Por
isso tem um buraco no
meio. / O corpo existe,
dado que exala cheiro. /
E em cada extremidade
existe um dedo. / O
corpo se cortado espirra
um líquido vermelho.
/ O corpo tem alguém
como recheio.
(3) Por favor,
compartilhem seus
respiros e insiram a
#miolorevista. Vamos
amar acompanhar
essa produção.
respire
aqui