REVISTA MIOLO Miolo_12_05_2019 | Page 29

sensível contemporânea; como elas criam deslocamentos e rupturas em um corpo comum recheado 2 por diferentes corpos. dos “respiros” foram pensadas em um regime de parceria entre a equipe da revista e as pessoas que nos enviaram suas obras. Tendo como referência a revista Navilouca — editada por Waly Salomão e Torquato Neto em 1971 e publicada em 1974 — buscamos uma aproximação com poetas locais com as quais dividimos nossas inquietações. Este diálogo nos conduziu através de experimentações gráficas que serviram como matéria-prima para divulgação da nossa chamada aberta nas redes sociais. As peças produzidas através destas experiências orientaram não apenas o projeto gráfico deste volume, mas também o tom poético dos textos enviados. Compreendemos a prática editorial como experiência de ensino-aprendizagem. Através da elaboração de vivências, procuramos experimentar as técnicas gráficas incorporadas ao projeto da revista, abrindo, deste modo, clareiras para que as estudantes cultivassem suas poéticas além do espaço da publicação. São frutos destes processos a exposição Respiros Poéticos, de Zulmira Correia — orientada por Laura Castro e Evandro Sybine —, e os perfis de Gabriela Correia compostos, respectivamente, a partir de uma visita a uma antiga tipografia no centro histórico da cidade e através de saídas fotográficas com poetas que colaboraram com o projeto desde os momentos iniciais. Parafraseando o designer canadense Bruce Mau, nosso processo criativo buscou substituir a divisão de trabalho pela síntese, curadores e autores por colaboradores e parceiros, executar tarefas por negociar espaços, produção máxima por feedback máximo, e forma aplicada ao conteúdo por forma e conteúdo simultaneamente evoluindo e enriquecendo um ao outro (MAU, 2000). Neste sentido, buscamos o diálogo constante com os autores e autoras das obras que compõem a revista. A depender da abertura e disponibilidade de cada parte envolvida, estes diálogos interferiram em diferentes níveis na configuração dos trabalhos, seja esteticamente, ou nas questões relacionadas à edição de conteúdo. Assim, tanto a diagramação dos textos, quanto a escolha das imagens dos ensaios fotográficos, ou ainda a escolha das técnicas para a composição Deixamos aqui o convite para que você se engaje na discussão e interfira na publicação ao encontrar brechas e lacunas como esta 3 : (2) Um dos textos seminais utilizados na construção do conceito dessa edição foi o poema abaixo, intitulado: “Momento VIII”, de Arnaldo Antunes (2000). O corpo existe e pode ser pego. / É suficientemente opaco para que se possa vê-lo. / Se ficar olhando anos você pode ver crescer o cabelo. / O corpo existe porque foi feito. / Por isso tem um buraco no meio. / O corpo existe, dado que exala cheiro. / E em cada extremidade existe um dedo. / O corpo se cortado espirra um líquido vermelho. / O corpo tem alguém como recheio. (3) Por favor, compartilhem seus respiros e insiram a #miolorevista. Vamos amar acompanhar essa produção. respire aqui