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LiteraLivre Edição Especial nº 1
Conversa Barata
Aparecida Gianello dos Santos
Martinópolis/SP
Cientistas afirmam que elas sobreviveram às bombas nucleares que
caíram sobre Hiroshima e Nagasaki, vivem há mais de trezentos milhões
de anos, além de somarem cerca de cinco mil espécies no mundo e
poderem ficar quarenta minutos sem respirar. No reino dos insetos, se
existe forte candidato a dominar o mundo, é a barata.
Quando criança, meu primeiro trauma com baratas foi saber que
voavam. Tudo por causa daquela musiquinha que cantavam na escola:
“Havia uma barata na careca do vovô, assim que ela me viu bateu asas e
voou...”. Na adolescência, eu dormia com um mosquiteiro na cama (não
por causa dos mosquitos). Mesmo assim, uma noite, acordei com uma
baratona dentro do véu. Quase tive um ataque ao imaginá-la passeando
pelo meu corpo enquanto eu dormia. Pelas horas seguintes tomei três
banhos, escovei os dentes uma porção de vezes e ainda dedetizei o
quarto.
Certa vez, cortei a cabeça de uma barata ao tentar matá-la e ela
continuou andando. O que explica a Ciência: o cérebro delas fica em
seus corpos. Está aí mais uma coisa incrível sobre esses bichos. E ainda,
aquela só não morreu de fome em nove dias (tempo que sobrevive uma
batata com a cabeça cortada), porque eu a matei bem morta segundos
depois da primeira falha tentativa.
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