Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - Edição Especial 01 | Page 50

LiteraLivre Edição Especial nº 1 Conversa Barata Aparecida Gianello dos Santos Martinópolis/SP Cientistas afirmam que elas sobreviveram às bombas nucleares que caíram sobre Hiroshima e Nagasaki, vivem há mais de trezentos milhões de anos, além de somarem cerca de cinco mil espécies no mundo e poderem ficar quarenta minutos sem respirar. No reino dos insetos, se existe forte candidato a dominar o mundo, é a barata. Quando criança, meu primeiro trauma com baratas foi saber que voavam. Tudo por causa daquela musiquinha que cantavam na escola: “Havia uma barata na careca do vovô, assim que ela me viu bateu asas e voou...”. Na adolescência, eu dormia com um mosquiteiro na cama (não por causa dos mosquitos). Mesmo assim, uma noite, acordei com uma baratona dentro do véu. Quase tive um ataque ao imaginá-la passeando pelo meu corpo enquanto eu dormia. Pelas horas seguintes tomei três banhos, escovei os dentes uma porção de vezes e ainda dedetizei o quarto. Certa vez, cortei a cabeça de uma barata ao tentar matá-la e ela continuou andando. O que explica a Ciência: o cérebro delas fica em seus corpos. Está aí mais uma coisa incrível sobre esses bichos. E ainda, aquela só não morreu de fome em nove dias (tempo que sobrevive uma batata com a cabeça cortada), porque eu a matei bem morta segundos depois da primeira falha tentativa. 45