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LiteraLivre Edição Especial nº 1
pardacenta consegui contemplar até que o muro que lhe escorava cedeu até o
fundo a seu derradeiro fim.
Seu corpo estava estropiado e contorcido por fissuras e fraturas expostas
quando despertou a fintar o céu estrelado e o luar pela abertura do poço de
onde caiu. Sentiu então desvanecer-se suas forças junto ao sangue que
escorria de seu corpo junto as fontes cristalinas. João estava em seu fundo e
como último esforço virou-se para o lado e contemplo infindáveis dobrões,
moedas de todas gerações acumuladas como num grande cofre natural. Seu
sangue que manchava as imaculadas águas corria entre as peças de ouro e
prata. Naquele momento ele finalmente compreendeu, o poço que lhe atraiu,
não lhe traiu, mas apenas cumpriu o que ele sempre clamou em sigilo
insondável, morrer rico. Lá estava ele agora cercado de toda riqueza que
sonhou e clamou, o depósito de inúmeros pedidos e desejos cujas histórias
nunca conheceu, mas que de um modo a outro o levou inexoravelmente até
aquele momento.
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