Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - Edição Especial 01 | Page 41

LiteraLivre Edição Especial nº 1 alvo de afeto, Justine, uma jovem e formosa moça filha de Joaquim, o ferreiro dono do lugar. O fato é que João perdido em seu platonismo pela jovem temia nunca poder conquistar seu afeto e amor sem as virtudes financeiras dos abastados brancos e por isso apelou ao poço por meses a fio. Poço, pai indireto de muitos segundo seu pai, que lhe contava as histórias desde a tenra idade. De certo muitos testemunhavam a favor de um misticismo envolvendo o poço de maneira que o senhor de seu pai, Zulu Silveira, apenas logrou sucesso com o mesmo. Vindo pra terras de pindorama, falido e condenado pela coroa, pagou por seus pecados em terras tupiniquins até que visando tirar do papel um projeto de moinho e fábrica de farinha clamou ao poço dando-lhe oferendas de dobrões por escravos que o executassem. Assim veio a ele dado por um amigo, escravos como Zulu Silveira, escravos que compelidos ao trabalho edificaram o projeto de seu senhor, Emmanuel Nogueira. Porém, extenuado das longas jornadas de servidão, Zulu Silveira clamava em seu âmago íntimo pelo descanso da liberdade e em segredo pediu ao poço, com poucos dobrões custosos, por uma família livre. Assim fora que engravidou sua mulher de João Silveria quando ainda no percurso da gravidez se anunciou a lei do ventre livre e com notável esperança, Zulu viu se formar no ventre da jovem negra o futuro de uma família livre através de João Silveira. João cresceu ouvindo as histórias do famigerado poço que estava em meio a uma densa floresta no meio do nada, e quando cresceu seu pai pediu para que ele vivesse o que nunca viveu. Fosse ao sabor do vendo que lhe desvelaria os caminhos da liberdade e lhe dissesse aonde eles deram, pois João teria como senhor apenas Deus. Porém, com temor João viu sua liberdade cerceada pelas limitações 36