Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - Edição Especial 01 | Page 29
LiteraLivre Edição Especial nº 1
da vendedora, Maria relatou sua intenção:
– Quero comprar um telefone.
– A senhora tem algum modelo de celular de sua preferência?
– Não conheço bem esse negócio – Justificou asperamente amulher.
Diversos tipos de aparelhos lhe foram apresentados que receberam o
olhar curioso da cliente. Enquanto examinava cada um, pedia explicações
sobre seu uso.
A compra foi fechada, finalmente, e a mulher se retirou carregando o
pacote ¨esquisito¨. A proximidade com a tecnologia, podese dizer que apenas
iniciava. Enquanto isso, Maria abraçou a rua com uma fisionomia mais
confiante.
Seu retorno não fora percebido pela vizinhança que pouco a viam.
Sua casa estava como havia deixado: silenciosa, cafona e triste.
Antes mesmo de rever o aparelho comprado, abriu uma das janelas para
que a luz do dia entrasse – ainda forte – clareando sua sala. Desembrulhou a
caixa com uma delicadeza que não lhe era comum e esquecida das orientações
da vendedora, tratou de procurar o papelzinho onde anotou os passos para o
correto manuseio.
Ensaiou a digitação de números aleatórios com os dedos grossos e quase
sem tato. Num primeiro momento quis apenas brincar com as teclas do
aparelhinho sem qualquer objetivo. Familiarizou-se com os comandos, mas
ainda sem entender muito bem todos eles. Estava farta da brincadeira e numa
fração de segundos ergueu-se da cadeira lembrando-se de regar a horta.
O sol se punha mais rápido naquela estação menos quente, e a mulher
enveredou-se pelo quintal determinada a concluir logo a empreitada.
Não saía do seu pensamento a nova aquisição. Buscou na memória
algum número para o qual pudesse ligar, sem resultado. Enumerou seus velhos
conhecidos, de outras regiões do país, e nada. Encontrou dificuldades para
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