Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 9ª edição | Page 53
LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018
Caminhei por uma quadra inteira Alguém estendia calcinhas
Até encontrar a casa, cheia de arbustos Outro paparicava o papagaio
até a entrada A moto não pegava de jeito nenhum
O cheiro, o silêncio, as cores, tudo O muro foi pichado novamente
neutro Fechei a janela
Vasculhei algumas gavetas Abri o chuveiro
Prateleiras, revirei alguns livros E com o sabonete
Até achar um caderno surrado e um Rabisquei meu nome no vidro
lápis Pois entendi que essa janela
Por baixo de uma coleção de cartões É um poema que posso lê-lo
postais De formas diferentes todos os dias
Folheei todas as páginas E encerrá-lo quando quiser
E em torno de trinta delas estava Só depende do movimento dos meus
escrito: olhos
“Eu escrevi o poema mais sincero do E de um movimento de mão”
mundo” Espero
Algumas estavam em branco, e dava pra Que se alguém for lá
ver Procurar o poema mais sincero do
Que muitas haviam sido arrancadas mundo
Peguei o lápis e fui até o banheiro Não pense que foi isso que ele tanto
Escrevi na parede branca escondeu
“Olhei pela janela do banheiro
http://www.estrAbismo.net
48