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LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018
Cegueira
Carlos Jorge Azevedo
Santa Marinha do Zêzere-Baião- Portugal
Vais fora de ti
Tropeças a cada obstáculo
Não olhas ao trajeto
Levas contigo raiva incontida
Reages a quente, sem refletir,
Foste atingido no que mais estremecias
Não formaste plano coerente
Para enfrentar os desaires
Vais cada vez mais torpe e mais cego
Espumas como animal ferido
Queres sangue para atenuar a dor
Queres destruição para chorares a eito
E depois lançares-te no precipício
Não te passa pela mente alterada
A possibilidade de reponderação
Segues o trilho de fogo
Que se te incrustou como refúgio
E como única saída plausível
Para aliviares os ódios
Abranda a fuga irrefletida
Descobre que também pecaste
Afinal para quê procurar vingança
Quando a teia foi tecida ao acaso
E que, incauto, urdiste o labirinto…
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