Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre - 6ª edição | Page 78

LiteraLivre nº 6 – novembro de 2017 Identidade Clarice de Assis Rosa Ituiutaba/MG Regina era uma mulher aparentemente forte e destemida. Com seus 35 anos, ainda mantinha seu corpo esbelto e juvenil. Por onde andava, Regina despertava olhares, seja de cobiça, interesse, inveja, ou simplesmente, curiosidade. O fato é que, nunca passava despercebida e sabia exatamente disso. Vivia uma vida de aparências, era deslumbrantemente linda.Quem via a sua aparência, jamais poderia supor a sua essência. Por ser uma pessoa vazia, desprovida de crenças religiosas, fé, conhecimentos acerca da realidade em que a cerca, buscava de todas as formas alimentar a curiosidade das pessoas, fazer com que a achassem interessante, além do que realmente era, como se fosse possível enxergar sua alma, através de uma simples máscara. E assim, ía conseguindo o que queria: amigos, vida social, namoros. Ela queria sentir-se amada, importante e tinha a sensação de que conseguia, mesmo percebendo depois que as pessoas não poderiam gostar dela pela sua essência, pois nem ela mesma sabia qual era. Tentou encontrar Deus, buscando-o em várias religiões, acreditando que assim preencheria esse vazio que existia dentro de si, e que assim construiria sua própria identidade. Em cada religião procurada, existia um Deus, ora ela se encantava com um, que era o Deus do amor, ora decepcionava-se com outro, que era o Deus vingativo e assim foi passando o tempo e ela conhecendo em cada canto, um Deus....Deus da guerra, Deus da paz, da dor, da consolação e chegou a conclusão que não seria Deus também o responsável pelo sentido, cujo o qual, ela procurava dar à sua existência.. As amizades iam-se embora, cada vez que absorviam de Regina o que era necessário no momento para satisfazer seus próprios anseios. Namoros,ela não sabia valorizar-se para ter o direito de exigir respeito e amor. Sabia cobrar, mas não sabia dar motivos para que optassem ficar ao seu lado. Olhava as pessoas ao seu redor, tinha esse costume de observar pessoas, 73