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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
tentou me acalmar, dizendo:
- Vai, dona! Segue o seu caminho, está tudo certo.
-Obrigada, meu senhor! Na segunda-feira, sem falta, eu acertarei esse
empréstimo. Pode acreditar! – falei.
Desci a escada numa ansiedade danada. Só pensava em entrar no
ônibus, em desaparecer da frente daquelas pessoas, em voltar para casa... O
movimento dos passageiros já era muito menor, e com isso havia assentos
livres. Exausta, joguei o corpo sobre um deles. Ajeitei a bolsa no colo, e,
inevitavelmente, caí no choro. Chorava pela aflição do momento, chorava pela
generosidade do mendigo, chorava pela solitude na multidão, chorava... Queria
chorar.
Na segunda-feira, saí mais cedo de casa, saldei minha dívida depois de
uma longa conversa e de muita insistência, e descobri que ganhei mais um
amigo. Ah! O nome dele é Pedro…
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