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LiteraLivre nº 5 - Setembro de 2017 Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz e próprio tenha arrematado “que o outros. Aliás, todos eles bem romance tem lugar certo na galeria do orientados pela doutrina sustentada regionalismo brasileiro”, opinião por Gilberto Freyre, “que defendia a também corroborada pelo escritor e emancipação da literatura brasileira crítico Sérgio Milliet. dos laços que a prendiam ao estilo Por conclusão, ainda que haja europeu de costurar peça de ficção,”¹ imperfeições estruturais na laços esses que nem os modernistas de composição da peça Luzia-Homem – o 1922 conseguiram romper, já que a que se poderia dizer assertivamente base da escrita deles tinha como esteio do romance O cabeleira, do carioca de o futurismo do italiano Marinetti. nascimento e pernambucano por Em relação à crítica, o romance Luzia- adoção, Franklin Távora, que pecou Homem, embora considerado clássico e pela descontinuidade e pela de grandeza inconteste, foi recebido redundância, o que impediu, na minha com algumas reservas por parte dela, modesta opinião, que o seu produto “o principal defeito do romance galgasse o posto de gênese do consiste no desnível entre a concepção romance regional -, o livro de Olímpio e execução, na grandeza daquela, na configura-se definitivamente o marco franqueza desta”, como observou Lúcia zero de um gênero rico em Miguel Pereira. “Em Luzia-Homem há probabilidades para a criação de tipos defeitos, do autor, da escola, da época. humanos e de horizontes vastos e Psicologia fraca, frequentemente infinitos para expansão das asas da demasiada crueza, nem sempre imaginação, como Guimarães Rosa adequado, às vezes vibrante e bem o materializou. excessivamente requintado”, como atestou Afrânio Coutinho, embora ele 1- ABC de José Lins do Rego – Bernardo Buarque de Holanda – Editora José Olympio 75