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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
Luzia-Homem – marco zero do regionalismo
Gilmar Duarte Rocha
Brasília/DF
Na transição do romantismo para o Trabalhou algum tempo no Pará e, por
realismo, no panorama da literatura motivos profissionais, transferiu-se
brasileira do final do século 19 e início para o Rio de Janeiro, onde exerceu
do século 20, registra-se com clareza a advocacia e escreveu sobre assuntos
forte influência da escola europeia, a políticos e literários para diversos
francesa, em especial, a inglesa e a periódicos da então capital federal.
portuguesa, sobressaindo entre os Após publicar algumas obras de ficção,
lusitanos Eça de Queirós e este, por dramas de teatro, livros de história e
simbiose, também influenciado por biografias, que não obtiveram muito
Flaubert e seus correligionários. êxito de público, lança à luz, apenas
Tangenciando esse novo e criativo três anos antes de sua morte, o
estilo de compor prosas, onde romance Luzia-Homem, que seria sua
predomina a fidedignidade da obra definitiva e um símbolo na
realidade, o objetivismo, o trajetória do naturalismo-realismo,
materialismo, a veracidade, o corrente literária que teve outros
universalismo e cientificismo, surgia no escritores de revelo como Inglês de
Brasil um gênero congênere, Souza (Contos amazônicos; Os
denominado de naturalismo, onde o missionários), Aloísio de Azevedo (O
prócer desse apêndice do realismo mulato; O cortiço), Raul Pompeia (O
seria sem sombra de dúvidas o ateneu), Adolfo Caminha (Bom
cearense Domingos Olímpio (1850- crioulo) e Aderbal de Carvalho (A
1906), natural de Sobral, bacharel em noiva).
Direito pela Universidade de Recife, Luzia-Homem, além de trazer todos os
tendo feito carreira como jornalista, ingredientes do naturalismo, como a
promotor público e deputado pela relação nem sempre harmoniosa entre
Assembleia provincial cearense. o homem e a sociedade, descrições
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