Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 5ª edição | Page 60

LiteraLivre nº 5 - Setembro de 2017 Guardiões do Futuro Gerson Machado de Avillez Rio de Janeiro/RJ Na Sede da Tempus no futuro, um monitoramento permanente e contínuo da linha temporal era mantido para constante avaliação deles caso uma anomalia surgisse colocando o tempo deles em perigo. Nunca nada aparecia, pois criam que o que aconteceu, aconteceu e nada poderia alterar o passado, mas sim alternar por dimensões que seriam efeitos das supostas alterações. Mas isso mudaria quando um alarme soou. O supervisor Dominic Kaspar retirou-se de sua instrução matutina a novos cadetes e dirigiu-se até o setor responsável pelo monitoramento. Os homens que monitoravam estavam acostumados ao entediante trabalho, pareciam embotados numa letargia entre comentários tecidos numa ácida ironia sobre a condição deles nos porões do estudo do tempo holístico à expectativa de algum acontecimento que os tirassem d o tédio. Mas o clima que se descortinou com o chegar de Dominic era dum misto de euforia e espanto. Exacerbados os homens intercalavam vociferados na sala enquanto buscavam triangular a posição do espaço e tempo em que uma anomalia fora detectada. — Sigam o fluxo oposto das ondulações que localizaram a fonte da alteração. – Disse Dominic de modo contido ao contrário dos demais. Os homens assim fizeram indicando que a fonte estava em meados do século XXI proveniente do Brasil. — Mestre, o foco está exatamente no ano de 2017, vindo o Rio de Janeiro! – Vociferou um dos cadetes, Ving Jones, até então desiludido. — Ótimo! – Respondeu Dominic – Envie uma sonda, preciso de dados ainda mais... Dayane Conrad está exasperada cobrando... Ving o fez pressentindo que ele seria o enviado ao lugar do espaço e tempo. O cadete Ving Jones fora lançado no passado como quem fosse um macaco ao espaço, em órbita. Viu sua realidade se desfazer desvelando um horizonte cinza de construções poluídas. Poucos dias após passou a seguir os passados do sujeito fonte da anomalia, realizando leituras que o deixava num inusitado incógnita. O homem havia alcançado um tipo de consciência capaz de alterar a realidade de algum modo. Ving Jones, o viajante novato resolveu aproximar- se para estudar mais de perto e o que descobriu o deixou ainda mais desconsertado. Aquela consciência havia alcançado a transcendência não no sentido de inteligência multifuncional, mas ampliando sua percepção e intuição a patamares que extrapolam o sensorial, algo do qual alguns do tempo vindouro denominava como um tipo de 'Síndrome Celestial'. 55