Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 5ª edição | Page 135

LiteraLivre nº 5 - Setembro de 2017 Casablanca Especial 75 anos Luiz Roberto da Costa Júnior Campinas/SP As hélices do adeus despertam os olhos, em meio à neblina. O sacrifício pessoal, em prol de um objetivo maior, está consumado. A renúncia e a abnegação contribuem para a nobre causa da vitória sobre os nazistas. Casablanca parece nunca se esgotar como filme, com a melodia e a letra da música As Time Goes By de maneira indissociável e que provoca impacto. A fotografia em preto-e-branco permanece na memória, assim como os diálogos. Casablanca nos lembra que o planeta está em constante movimento, como o globo que gira no início do filme. A ficção aborda o drama de refugiados que procuravam escapar da Europa dominada pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um mundo em crise de identidade e que passava por mudanças. O Rick's Café Américain é o ponto de encontro de personagens emblemáticos: Rick Blaine (Humphrey Bogart) como dono do bar, Victor Laszlo (Paul Henried) representa o líder da resistência checa e Ilsa Lund (Ingrid Bergman) completa o triângulo amoroso. Além disso, Ugarte (Peter Lorre) que rouba as cartas de trânsito, o capitão Renault (Claude Rains), como chefe da polícia local, e o major Strasser (Conrad Veidt), como representante do Terceiro Reich, são personagens que influenciam a tomada de decisão do trio central da trama. O filme é repleto de personagens ambíguos que escondem sentimentos e intenções, mas que revelam ambições e desejos nos momentos decisivos. Rick Blaine aparenta ser isolacionista (como os Estados Unidos), mas se torna intervencionista dada as circunstâncias da guerra. O capitão Renault aparenta ser colaboracionista (apoio ao governo de Vichy), mas acaba revelando-se 130