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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
estabelecimento, que não é responsável por estas questões que tanto
estressam o brasileiro. Lembrei-me de uma mulher reclamando para a caixa do
supermercado o preço da alimentação.
Pera aí! Vamos voltar ao moço! Ou serei mais uma reclamona na
multidão.
Contei a uma amiga o episódio da gentileza. Queria passar este exemplo
a frente, passar esta luz adiante. Ela olhou atônita para mim e gritou
revoltada:
― Que risco você correu, doida!
― Como assim? ― indaguei perplexa.
― Conheço este tipo de cara, é um tarado de fila.
― O quê?
Segundo ela, temos vários tipos de tarados. Tais como os de fila, que
atacam em bancos, farmácias, supermercados, padaria, quitanda, etc. Se
houver duas pessoas, uma atrás da outra, já é suficiente. Após isso, ouvi uma
longa explanação sobre outros tipos com as suas devidas peculiaridades.
Não, não tire meu chão, amiga! Eu quero acreditar! Não faça isto, por
favor! Não me contamine com a sua descrença.
Bufei para ela, porém de nada adiantou. Preciso aprimorar a técnica.
― Segunda intenção na certa, aposto que estava esperando no
estacionamento. Filho da puta! Quando teremos paz?
Pensei: O homem ia me interpelar no estacionamento e falar, o quê?
― Podemos tomar nossas medicações em algum lugar? Eu posso dividir
um analgésico com você.
E eu diria:
― Só se não for genérico.
Entendo a desconfiança da amiga com a bondade do outro. Não
acreditamos mais em boas ações. Vejo por mim, através do quanto fiquei
chocada
com
o
comportamento
do
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moço.
E
este
deveria
ser
um