LiteraLivre n º 5- Setembro de 2017
entanto, ganhos financeiros, que são abundantes em escritores da atualidade, mormente dos países de língua inglesa, passaram ao largo da maioria deles.
Um escritor nosso, em especial, teve uma trajetória suigeneris: Lima Barreto.
O carioca Afonso Henriques de Lima Barreto( 13.05.1881- 01.11.1922), ou simplesmente Lima Barreto, independente dos problemas financeiros, de saúde( dele e da família), do alcoolismo, conseguiu produzir peças de ficção de extrema qualidade literária, amparado sempre na linha da escola realista – então vigente na época-, onde Machado de Assis era o expoente maior. Escreveu obras do naipe de Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, Clara dos Anjos e a sua obra-prima O triste fim de Policarpo Quaresma.
Apesar do enorme talento e certa produtividade, não auferiu o mínimo reconhecimento durante vida, apesar de elogios esparsos de acadêmicos da época. Teve sua obra reconhecida muitos anos após a sua
conturbada vida( morreu louco num sanatório) e, de acordo com críticos atuais, sua produção ainda não foi devidamente balizada e avaliada.
Enfim, escrever é uma arte, e o artista literário não pode ficar esperando láurea porque ela poderá vir ainda em vida, sob a forma de condecoração, sob a forma de condecoração e benefícios pecuniários, poderá não vir, poderá vir na posteridade e por aí vai.
Em suma, o literato tem que ter em mente que ele é um ser escolhido por Deus para cumprir um desígnio que lhe foi conferido; cumprir com satisfação e sinceridade; sentir-se sempre feliz naquilo que faz; ser íntegro, honesto e irrequieto; e estar antenado constantemente, procurando amalgamar as lições aprendidas com mestres do passado com as inquietudes e desafios que a vida lhe oferece em profusão. Creio que seja essa a principal razão de escrever. Ah! Os louros! As pecúnias! Serão sempre bem-vindos. Se vierem.
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