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LiteraLivre Vl. 2 - nº 10 – Jul/Ago. de 2018
Costuras de Mim
Marina Barreiros Mota
Palmas/TO
Andei nua, despida de amor próprio
Singrando entre esquinas rotas
E calçadas sonolentas
Trôpega, coração desfeito
Amor em descompasso
Caminhando em passos incertos
Andei indigesta, estômago maltratado
Corroído dos vestígios da bebida
Tal qual o gosto amargo da descrença
Enclausurada em teus devaneios
Oculta aos barulhos da esquina
Escondida em seu compartimento mais oculto
Andei recolhendo silêncios
No odor forte do teu corpo
Após o amor que imaginei
Uma solda perfeita de alquimia
Me cobrindo em perfume almiscarado
No doce retrato dos meus sonhos
Tu também andaste como um palhaço
De um circo mambembe
Dilapidando minh’alma e meu corpo
Receptáculo da tua vida
Meu amor um trapézio solitário
Caído em rede de passos errôneos
E no giro das acrobacias
As migalhas de mim se juntaram
Coladas em retalhos palpáveis
Reequilibrando-me da corda bamba
Dos dolorosos saltos desgastados
Voei à procura de outros laços
Em outros pedaços, teias do caminho
Costuras de mim.
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