Revista LiteraLivre edição especial - 03 | Page 29

LiteraLivre Edição Especial nº 03 - 2019 Tão Triste Allan Fear Belo Horizonte/MG Após a morte de seu filho caçula de 5 anos, Ana Lúcia jurou que iria ao cemitério visitá-lo todos os dias. Ana Lúcia era uma mulher de 37 anos, magra, de boa aparência e com algumas rugas aparecendo nos cantos dos olhos. Era casada há pouco mais de 10 anos e agora apenas lhe restava uma filha de 12 anos. A pobre mulher estava arrasada, passava os dias a chorar. Seu filho querido havia saído para uma excursão com a turma da escola para uma bonita cachoeira que ficava nos arredores da cidade. Porém, o pobre rapazinho acabou se afogando, vitimado pela brincadeira maldosa de seus coleguinhas que o empurraram na água. Fazia duas semanas desde a morte do pequeno Matheus e sua triste e arrasada mãe continuava indo visitar seu túmulo, levando flores, limpando e conversando com ele como se o menino estivesse ali. Dizendo o quanto ela o amava. Foi então que Ana Lúcia passou a observar uma jovem moça, que aparentava seus 20 anos, magra, loira e muito bonita, que passava horas em frente a uma sepultura recente, chorando e chorando. Uma cena tão triste, Ana Lúcia entendia sua dor. Quem a jovem moça teria perdido? Um pai? Uma mãe? Quem sabe um irmão ou talvez um filho? Ou grande um amor? Com o passar dos dias, Ana Lúcia ficou intrigada com aquela jovem moça que ficava ali, ora sentada, ora de pé, em frente a uma sepultura, envolta em prantos e dor. Foi naquele dia sombrio, silencioso e triste de uma segunda-feira nublada, [26]