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LiteraLivre Edição Especial nº 03 - 2019
Prece
Isabel C S Vargas
Pelotas/RS
Aparentemente, o dia seria igual aos demais.Clotilde já sabia o que iria
ocorrer.
Levantar, tomar seu café bem simples, sem leite e com uma fatia de pão
única, sem direito a repetição. Arrumar sua cama, no quartinho do fundo da casa
que a filha, generosamente, cedia para ela. Era sua única filha.
Quando jovem, conheceu Juvenal, seu marido com quem viveu até que ele
faleceu vítima de um câncer. Ele não a deixara trabalhar fora. Também, não sabia
se conseguiria. Casara cedo e sem profissão definida. Não passara do ensino
ginasial.
Quando o marido faleceu teve de ir morar com a filha, pois não conseguiria
pagar o aluguel, mesmo na periferia porque a pensão que recebia era irrisória.
Na casa da filha sentia-se um estorvo. Elas pouco se falavam. O marido dela era
um jovem de seus trinta e cinco anos que era de meias palavras, pouca
afetividade e muita ambição.
A vida era meio apertada. A filha, a exemplo dela, não trabalhava fora, por
vontade dele.
Vivia reclamando do custo de vida, que tinha que aumentar o orçamento e
foi em função disso que ele passou a colocar no orçamento da casa sua pensão.
Já decorreram quatro anos desde que ela passou a não dispor de dinheiro. Então,
ficava em casa, sem amigos, sem carinho, sem lazer. Ajudava na organização da
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