Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 69

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 seu lado como menina. A paixão pela vida inspira paixões. E a paixão de Augusto me inspirou um questionamento insólito. Perguntei-me o que Sofia teria achado desse presente e em seguida me desesperei ao pensar que ela pudesse jamais tê-lo recebido. Recompus-me da última ideia, mas logo me vi sugestionando qual teria sido a promessa de Augusto e porque eles não se viam há tanto tempo. De onde eram, de onde se conheceram e como se reencontraram - se é que houve o reencontro. Não havia data, nem local ao fim da dedicatória. Fui ao sebo pela manhã em busca de amparo, e deparei-me, contudo, em um mistério que não resolverei. Posso questionar-me infinitas dúvidas, e posso saná-las com minha opinião. Todavia, jamais terei as verdadeiras respostas. Olhei pela janela e as nuvens ainda perambulavam; porém, um lampejo de sol conseguiu me alcançar. Viajei na beleza dos livros e dos amores e vi quantas semelhanças era possível traçar. Mil pessoas podem ler uma obra e conhecer um amor, entretanto, nenhuma delas compreenderá por completo a história e a intenção daqueles que redigiram e daqueles que amaram. As folhas podem se despregar do livro e serem levadas com o vento, mas os ensinamentos permanecerão na alma de quem os leu. E do mesmo modo, dois amantes verdadeiros que se perdem no tempo ainda guardam consigo a certeza do maior dos sentimentos. Os livros e os amores são exclusivos àqueles que se dispõem a arriscar, contudo, deixam aos corajosos, grandes dádivas. Busquei pela manhã simples versos, mas cheguei a tamanha reflexão que me vejo agora em completo fascínio. Voltarei ao sebo amanhã logo cedo, e, a partir de hoje, me entrego ao amor. 64