Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 13

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 Caro amigo Sei que o tema da carta é você e me perdoe também pela informalidade, mas me permita escrever breves palavras sobre mim. Na sua carta você deve ter me definido como “quietão”, ou aquele que se veste e comporta de maneira estranha... Não posso dizer que você esteja errado, até porque eu me apresento dessa maneira. Deve ter escrito sobre a possibilidade de eu ser um cara legal. Mas quero que você saiba e, por favor, entenda! Escrevo isso sem nenhum intuito de ofensa: Sou muito feliz por não ser igual a você. Não pense ser fácil pra eu escrever isso. É desafiador falar de alguém sem cair na tentação da adulação ou do preconceito; somos seduzidos por eles a todo instante e, se não nos policiarmos, a injustiça estará feita. E qual a diferença da injustiça para um erro? Ela não tem reparo! Você é muito popular aqui na sala, em especial com as meninas, algo que sinceramente eu admiro e o seu futuro profissional será próspero por conta da sua maneira de se relacionar com as pessoas; mas saiba que esses mesmos carisma e desinibição são capazes também de incomodar pessoas. Por que eu digo agora estar orgulhoso? Por d0escobrir que ao querer me igualar a você eu destruía minha personalidade. Estava tentando ser uma pessoa com a qual não convivo ou entro em conflito nas vinte quatro horas, do dia. Não tem como dar certo. É ruim falar sobre alguém não é? Como podemos explorar outros universos de não conhecemos o nosso próprio? Espero que não tenha se aborrecido com minhas palavras e obrigado por sua atenção e por ser o tema de minha carta 8