LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018
Duplas definidas! Posicionamos, claro que de maneira atabalhoada, as carteiras
de forma que ficássemos de frente com quem seria nosso “tema” para a carta.
Dez minutos foi o tempo concedido pelo professor
-Você sabe que não sou de falar.
-Talvez seja essa a hora, mano!
- Muito bem Senhor Popular... É o seguinte: sei que meu comportamento chama
a atenção por ser bem diferente. Peço para que deixe suas brincadeiras de lado e
seja honesto ao escrever sobre mim, pois eu serei com você.
-Mano... Quer dizer, Rodrigo, vou logo aproveitar pra te dizer que todos se zoam
aqui. Eu sou zueiro e você vira o alvo da nossa sala justamente por ser o mais
quieto. Se em alguma dessas brincadeiras eu te ofendi...
-E quem está falando disso?! Não tenho muito tempo e não o desperdiçarei com
essa bobagem de lamentação de ocasião. Lembre-se! Seja honesto comigo e eu
serei com você.
O sinal tocava anunciando o término da aula.
***
A semana passou rápido
-Muito bem Digníssimas damas e distintos cavalheiros (era muito engraçada a
pompa usada pelo professor quando ele falava isso), entreguem suas cartas!!!
Última aula e cartas entregues. Tudo que consegui escrever abordava a
esquisitice e o silêncio perturbador de Rodrigo e que achava engraçado o cabelo
despenteado dele e os óculos estilo "fundo de garrafa". No mais eu registrei que,
apesar do comportamento esquisito, entendia existir alguém legal habitando por
ali...
-Leia a sua em voz alta!- Disse o professor apontando o dedo indicador para mim
após eu receber minha carta.
A cada palavra lida parecia que eu levava um soco no estômago
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