Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 132

LiteraLivre n º 3
Ao terminar de dizer essas palavras à velha tomba e cai no sofá , parecendo desmaiar .
_ O que houve ? O que a senhora tem ?
Júlia assustada prontamente se encaminha e a coloca no sofá , a velha com dificuldades tenta falar , respira com muita dificuldade . _ Depressa , meu remédio , meu remédio , pegue na caixa , na caixa ..._ Qual a caixa dona Laura , fique calma . Júlia nervosa vai até a estante a qual possui várias caixas de várias cores e tamanhos , pelo visto não eram só os doces o único vício da velha , ela colecionava caixas e como saber qual delas era dos remédios ? A velha esquecera-se de tomar o seu remédio de pressão havia dias , agora estava tendo um enfarto e caberia à moça encontrar o bendito remédio . Enquanto vai abrindo as inúmeras caixas por certo momento vem à mente de Júlia um pensamento . E no momento que vai ligar pra ambulância ela para . Seria omissão se ela não a ajudasse , mas não seria esse o único jeito de Júlia permanecer morando ali com suas filhas ou no dia seguinte ambas estaria na rua ?
Os pensamentos tumultuam a mente da moça , tudo acontecendo em questão de segundos , ela repudia esse pensamento de imediato , só pode estar louca por pensar assim , mas logo esse pensamento toma conta de si . No sofá a velha com as mãos no coração parece implorar por ajuda , apontando pra estante , e com muita dificuldade tenta falar ._ Na caixa verde ... O remédio .
A moça então pega a caixa , uma caixa enorme cheia de remédios , jogando tudo no chão ela vê o remédio com grandes letras escrito “ pressão ”, com tantos remédios que tomara a velha tinha o hábito de escrever nas caixas para não se confundir . Não sabendo de certo o que fazer , Júlia se lembra das reclamações da indiferença com os inquilinos , as únicas pessoas que a velha tinha por perto e as quais ela era incapaz de um gesto de gentileza . Decidira então que iria demorar bastante
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