Revista LiteraLivre 3ª edição | Page 131

LiteraLivre nº 3 comprar unas coisas para as meninas, a senhora sabe. _Sei disso, sei disso, mas está querendo dizer que não conseguiu o dinheiro que me deve?_ Ainda falta vender alguns, procuro emprego toda semana, estou certa de que na próxima semana devo estar trabalhando, se a senhora esperar será só mais essa semana tenho certeza dona Laura. A moça dizia isso pra convencer a si mesma, porém estava certa de que não teria mais chances._ Sinto muito Júlia, mas já lhe dei todo o tempo, são três meses de aluguel atrasado, já esperei o máximo que pude, mas olha tenho que pagar as contas daqui, logo vão cortar a luz, e meus remédios? Cada dia mais caros, eu vejo o problema dos outros e quem verá o meu? É o que eu sempre digo. Enfurecida a velha vai praguejando murmurando pela sala_ Dona Laura eu sei, sei que dei certeza, mas eu estou tentando, estou fazendo de tudo, só mais alguns dias, será a última vez, por favor._ Você não terá o dinheiro, e eu já esperei demais, e vou precisar alugar o seu quarto, tem uma moça solteira que está precisando urgentemente de um lugar pra ficar e eu não posso deixar passar, onde irei conseguir alguém pra morar aqui? Sinto muito, mas terá que sair. A velha está irredutível, e Júlia percebe que é em vão insistir. Apesar de tudo a velha estava certa, mas Júlia se perguntava se ela não sentiria remorso de mandar pra rua uma mulher com duas crianças, ela não queria acreditar no que estava acontecendo. _ Não tenho onde ficar preciso então ver um lugar... _ Bom quanto a isso nada tenho a ver, porque não já procurou se não conseguiu o dinheiro? _ Não possuo ninguém aqui a senhora sabe. _Preciso que saia amanhã de manhã. Alugarei assim que sair. 125