LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
Eni Ilis
Campinas/SP
Chuva
Não para de chover. Não adianta abrir a janela porque ela não vai sair.
Chuva mansa, chuva fina. Chuva que fica a espera da rima e rima não há.
Sempre chove dentro, não adianta abrir a janela, mas se abre. O tempo
fica pesado na areia da ampulheta, às vezes, empedra, engasga. Aparece
hiato. Há que se balançar a ampulheta para a areia escorrer silente, mas o
gesto não nasce. O tempo para, não a chuva. Eis a rima.
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