Revista LiteraLivre 19ª edição | Page 67

LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020 Edweine Loureiro Saitama – Japão Entre fogos e fantasmas Todo ano, em abril, o hanami ― que é o espetáculo das flores ― faz com que os japoneses reúnam-se para brindar à amizade e à vida. Quatro meses depois, um evento que também leva “hana” (flor) no nome tem o mesmo poder de congregar, em todo o arquipélago, familiares e amigos. É o hanabi: ou, em uma tradução literal, as “flores-de-fogo” ― que nada mais é que um show de fogos de artifício, semelhante àquele das praias de Copacabana, durante o réveillon. Assisti, pela primeira vez, a um hanabi em agosto de 2002, na cidade de Quioto. E, na ocasião, lembro-me de que testemunhei, junto a outros estrangeiros, dois espetáculos maravilhosos: o referido hanabi e, logo após, o gozan no okuribi. Mas foi este segundo que, particularmente, fascinou-me. Trata- se de cinco kanjis (letras do alfabeto japonês que, por sua vez, tem origem na China) em tamanho gigantesco, escritos a partir da queima de fogos nas montanhas próximas a Quioto. Devido a esse caráter grandioso, o ritual também [64]