LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
Edweine Loureiro
Saitama – Japão
Entre fogos e fantasmas
Todo ano, em abril, o hanami ― que é o espetáculo das flores ― faz com que
os japoneses reúnam-se para brindar à amizade e à vida. Quatro meses depois,
um evento que também leva “hana” (flor) no nome tem o mesmo poder de
congregar, em todo o arquipélago, familiares e amigos. É o hanabi: ou, em uma
tradução literal, as “flores-de-fogo” ― que nada mais é que um show de fogos de
artifício, semelhante àquele das praias de Copacabana, durante o réveillon.
Assisti, pela primeira vez, a um hanabi em agosto de 2002, na cidade de
Quioto. E, na ocasião, lembro-me de que testemunhei, junto a outros
estrangeiros, dois espetáculos maravilhosos: o referido hanabi e, logo após, o
gozan no okuribi. Mas foi este segundo que, particularmente, fascinou-me. Trata-
se de cinco kanjis (letras do alfabeto japonês que, por sua vez, tem origem na
China) em tamanho gigantesco, escritos a partir da queima de fogos nas
montanhas próximas a Quioto. Devido a esse caráter grandioso, o ritual também
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