Revista LiteraLivre 19ª edição | Page 52

LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020 Caroline Cristina Pinto Souza Botucatu/SP (Des) poético Estado Mordo de nervoso, os pálidos lábios Desespero, meu esposo, suspiro sábio. Torturas velejam minha mente num oceano devaneio, Suor (irresistente), as rimas no meio a meio. E eis que avisto uma teia aranha: Delírio misto, sinestésica campanha. Meus olhos lacrimejantes farejam ruídos abafados Na bagunçada literária estante, (des) poético estado. O fôlego mais diminuto, borrachas e bastante poeira Sem qualquer lírico atributo, sinto-me (naquela lamúria) de bobeira. Tusso numa descrença, de tão longínquo o parto de ideias Porém, que esse pensar eu vença à construção de uma épica Odisseia. Meus cílios um tanto adormecidos e, embaraçados os fios capilares O desinspirador pretérito esquecido, ergo-me poeta aos novos ares! Calço sílabas de sapatilhas, (ágil!) do mesmo modo que num solene balé Aquela sensação de derrota em naufrágio, faço lexical plié aos fonemas em pé. Saltam de minha rubra face, nervos em concentração Como se eu articulasse vocábulos num áspero canhão, Palpitam meus cardíacos batimentos pelo êxito da luta Escrevo frutífero e sedento, a poesia astuta. Devido a uma recorrente mania, por números gamo Nada mais que literária utopia, estrofes de quatro ramos. Os versos finalizo ao múltiplo de seis, Alargo um sorriso pelo positivo saldo desse mês. [49]