LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
Caroline Cristina Pinto Souza
Botucatu/SP
(Des) poético Estado
Mordo de nervoso, os pálidos lábios
Desespero, meu esposo, suspiro sábio.
Torturas velejam minha mente num oceano devaneio,
Suor (irresistente), as rimas no meio a meio.
E eis que avisto uma teia aranha:
Delírio misto, sinestésica campanha.
Meus olhos lacrimejantes farejam ruídos abafados
Na bagunçada literária estante, (des) poético estado.
O fôlego mais diminuto, borrachas e bastante poeira
Sem qualquer lírico atributo, sinto-me (naquela lamúria) de bobeira.
Tusso numa descrença, de tão longínquo o parto de ideias
Porém, que esse pensar eu vença à construção de uma épica Odisseia.
Meus cílios um tanto adormecidos e, embaraçados os fios capilares
O desinspirador pretérito esquecido, ergo-me poeta aos novos ares!
Calço sílabas de sapatilhas, (ágil!) do mesmo modo que num solene balé
Aquela sensação de derrota em naufrágio, faço lexical plié aos fonemas em pé.
Saltam de minha rubra face, nervos em concentração
Como se eu articulasse vocábulos num áspero canhão,
Palpitam meus cardíacos batimentos pelo êxito da luta
Escrevo frutífero e sedento, a poesia astuta.
Devido a uma recorrente mania, por números gamo
Nada mais que literária utopia, estrofes de quatro ramos.
Os versos finalizo ao múltiplo de seis,
Alargo um sorriso pelo positivo saldo desse mês.
[49]