LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
Rochosas, planícies, pelo oeste americano conhecendo os Apaches, os Sioux e
outras tribos com as façanhas dos mocinhos e dos pioneiros. Dos Alpes ao Saara,
de norte a sul, na geografia e na história passeava na companhia de Cleópatra,
Júlio César e até do famoso Asterix, o gaulês que muito me divertia. Lia revistas
Grande Hotel com histórias românticas em desenho e em quadrinhos que eram
passadas na Europa e eu encantava com os dados, locais, modos e costumes das
pessoas dos outros países destacando ainda na lembrança as cidades de Milão,
Veneza, Roma e até da Costa Amalfitana. A Itália me encantava apesar das
consequências da guerra, Monte Castelo e outras passagens tristes da Força
Expedicionária Brasileira.
Encontrei então mais um caminho, descobri amigos que tinham gibis.
Pegava-os emprestados e devorava Gene Autry, Roy Rogers, Tom Mix, Cavaleiro
Negro, Zorro, Fantasma, Mandrake, Hortelino Trova-Letras, as revistas dos
personagens da Disney e até a conhecida Luluzinha e sua turma naquela época
brigando com o Bolinha por causas “feministas”. As histórias do Tio Janjão
divulgadas pela Rádio Nacional também me fascinavam.
Daí, meu mundo ampliou, das encrencas dos mocinhos do velho oeste, das
histórias dos pioneiros da colonização americana eu passei a ler o Correio da
Manhã, um jornal dos Diários Associados que minha mãe, morando na “rua”,
costurando para fora podia comprar por também gostar de ler, ser inteligente e
me passar este exemplo. Convivi no Correio da Manhã e com a Revista O
Cruzeiro, com “As Garotas” do Alceu Valença, “O Amigo da Onça”, artigos e
reportagens de Raquel de Queiroz, Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Juscelino
Kubstchek, Marechal Lott, Ademar de Barros e o inesquecível Diário de um
Repórter, de David Nasser, para mim um gênio das letras. Admirava na minha
pouca idade tudo o que ele publicava de muito interessante para o momento no
país, a ameaça do comunismo, Os Anos Dourados, a Novacap, o Planalto Central,
a construção de outro Brasil dentro do próprio Brasil. O progresso acendia as
primeiras luzes na evolução da indústria que chegava no primeiro Volks Wagen
azul pastel, um importante brasileiro a desfilar com JK na Avenida Atlântica
encantando a todos. São Paulo expandia na fumaça progressista das chaminés
deixando os primeiros rastros para um novo tempo de glórias.
Descobri também outras informações sobre muitas coisas e fui assim
tornando-me uma pequena cidadã/leitora, consciente do meu país, do mundo e
dos meus problemas e limitações.
Cresci, estudei e com o passar do tempo cheguei a me formar com muito
esforço: Curso Normal, Pedagogia – Administração e Magistério em Sociologia,
História da Educação, Psicologia e Didática, Pós – graduada em Planejamento
Educacional e Psicologia na Escola. Fiz curso de Comunicação e Expressão e as
letras, as ideias, os textos, os autores, as emoções neste mundo global em que
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