Revista LiteraLivre 18ª edição | Page 23

LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019 festa que cantavam parabéns; era salgada a lágrima, sentia com o beijo molhado na testa, bochecha, nariz, a mãe beijava muito e ela sempre achava que esse gosto misturado era gosto de amor, de amor de mãe. A raiva foi passando ainda mais, mas o salgado que escorria dos olhos da garota não queria mais parar e molhou a fantasia de unicórnio que ela usou um ano atrás; então, enxugou o sal com a mão e foi correndo lamber o doce da panela; o gosto do amor de volta, sentido com todo o coração; naquele dia de parabéns, Ruth pode ter a mãe borboleta só por um momento e como se alçasse um voo, abriu as asas pro mundo e sorriu outra vez. [20]