Revista LiteraLivre 18ª edição | Page 158

LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019 Maria Vitoria São Paulo/SP Terrorista no paraíso Uma bomba sobre meus poros Contorcendo as foligens do meu próprio ser Carros sambando com seus motores em meus ouvidos Uma mulher trajada de mostarda decidindo ou não se atravessa a porta ao meu encontro. Um vira-lata late Crianças com os pés desnudos correm em busca de um subterfujo É possível ouvir o estralar dos gatilhos Sentir os estilhaços entrando no couro Nos olhos Rasgando a garganta Sangrando de limo os medos e o desejo de uma morte prematura. Sirenes por todos os lados, No contraponto das bombas que ainda não se dissiparam A mulher adentra a porta Sorri um riso choco ao me fitar de pé, ainda inteira. Há bombas demais sobre meus poros No decorrer dos nano segundos a vida implora por uma explosão Bombas, bombas, bombas, E os destroços pintaram os corpos de liberdade utópica. A cor mostarda se acopla junto aos meus intestinos, Chafurdando amantes que se distanciaram no decorrer do tempo Bombas, bombas, bombas, Enfim os poros, grudaram-se em outras peles, pelos e dedos, semimortos. Site: www.aestranhamente.com [155]