LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Maria Vitoria
São Paulo/SP
Terrorista no paraíso
Uma bomba sobre meus poros
Contorcendo as foligens do meu próprio ser
Carros sambando com seus motores em meus ouvidos
Uma mulher trajada de mostarda decidindo ou não se atravessa a porta ao meu
encontro.
Um vira-lata late
Crianças com os pés desnudos correm em busca de um subterfujo
É possível ouvir o estralar dos gatilhos
Sentir os estilhaços entrando no couro
Nos olhos
Rasgando a garganta
Sangrando de limo os medos e o desejo de uma morte prematura.
Sirenes por todos os lados,
No contraponto das bombas que ainda não se dissiparam
A mulher adentra a porta
Sorri um riso choco ao me fitar de pé, ainda inteira.
Há bombas demais sobre meus poros
No decorrer dos nano segundos a vida implora por uma explosão
Bombas, bombas, bombas,
E os destroços pintaram os corpos de liberdade utópica.
A cor mostarda se acopla junto aos meus intestinos,
Chafurdando amantes que se distanciaram no decorrer do tempo
Bombas, bombas, bombas,
Enfim os poros, grudaram-se em outras peles, pelos e dedos, semimortos.
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