Revista LiteraLivre 18ª edição | Page 118

LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019 tampei a cabeça dele com um pano e fiz um buraco com uma tesoura no meio dos glúteos plastificados, dentro havia muito algodão, eu fui por cima do boneco e me masturbei naquela aberração. Meus pais já haviam chegado, então eu não iria levar de volta pro sótão, eu não queria que eles tivessem vergonha de ter um filho tarado. Deixei o boneco dentro do meu armário fechado e não queria olhar pra ele de novo. Acordei com as galinhas do vizinho cacarejando e senti que o clima estava estranho. Dessa vez eu não levantei logo, um sentimento de desconforto tomava conta do meu corpo magrelo. Dei uma olhada no meu quarto e percebi que a porta do armário em que havia colocado o boneco estava entreaberta. Senti um calafrio percorrer o meu corpo e torcia para ser apenas minha imaginação criando paranoias, aquele boneco não pode ter aberto a porta sozinho, então decidi levantar-me para averiguar de perto. Quando coloco uma perna pra fora da cama, sinto parte das minhas costas e pernas meladas de um líquido que já estava frio, o que queria dizer que já fazia tempo que estava lá. Eu passei o dedo indicador onde parecia estar molhado, torcendo para ser mijo, mas quando levanto-o ele está repleto de sangue sujo, fétido e com uma substância misturada junto que parecia algodão. Em questão de milésimos de segundos calafrios tomaram conta de mim, parecia que eu conseguia sentir as sinapses do meu cérebro avisando que algo estava muito errado. Eu estava parado na mesma posição, uma perna pra fora da cama e o dedo à altura dos meus olhos, porém, um momento súbito de curiosidade, adrenalina e medo fizeram eu me mexer, mesmo que fosse com a menor velocidade possível, como se eu tivesse me escondendo de algo ou alguém, mas por que diabos eu estava com tanto medo? Quando sentei-me na cama senti uma dor enorme vindo do meu ânus, e quando levantei escorreu mais sangue pelas pernas, foi assim que eu descobri de onde vinha aquela melação toda. Mal conseguindo me mexer direito, mas ainda com medo, fui até o armário pé por pé, eu tinha que acabar com essa palhaçada de uma vez por todas, eu esperava que todos os meus pensamentos estivessem errados de como aquilo aconteceu. Relutei um pouco em abrir a porta, mas com raiva e dor decidi abrir de uma vez. Abri e dei um salto pra trás. O boneco tinha sumido. No chão pequenos rastros de sangue haviam, minha bermuda pijama estava furada na bunda e toda melada, mas eu não tinha forças e nem coragem pra me trocar, só esperava que meus pais não soubessem de nada, e eu desejando que o pior não tivesse acontecido. Desci as escadas me segurando no corrimão e tentando agir de forma normal e escondendo minha parte traseira. [115]