LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
festa que cantavam parabéns; era salgada a lágrima, sentia com o beijo molhado
na testa, bochecha, nariz, a mãe beijava muito e ela sempre achava que esse
gosto misturado era gosto de amor, de amor de mãe.
A raiva foi passando ainda mais, mas o salgado que escorria dos olhos da
garota não queria mais parar e molhou a fantasia de unicórnio que ela usou um
ano atrás; então, enxugou o sal com a mão e foi correndo lamber o doce da
panela; o gosto do amor de volta, sentido com todo o coração; naquele dia de
parabéns, Ruth pode ter a mãe borboleta só por um momento e como se alçasse
um voo, abriu as asas pro mundo e sorriu outra vez.
[20]