LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
sentir o que terceiros sentia, de modo, que isto fora se intensificando a ponto de
sentir o que falavam na minha ausência. Sentia a tristeza, a angústia, o medo
que passaram a me atormentar gradualmente como se algo negativo me
cercasse, algo demonstrado por padrões incoerentes como indicativo de artificial
influência externa.
Fiquei sabendo posteriormente o interesse de órgãos de informação como a
NSA em minhas habilidades de modo que por um vazamento soube que estes
buscavam filar meus conhecimentos a benefício próprio. Aprendi inglês e
espanhol numa semana a fim de melhor compreender os motivos daquilo. Assim
como ao aprender o ofício dos hackers resolvi contra-atacar ao identificar sinais
criptografados deles o decifrando.
Ameacei-os divulgar segredos caso continuassem a me perseguir no seio
de uma nação estrangeira a eles. Porém, apesar de dissimularem soube que a
perseguição prosseguiria. Minha vida não era mais a mesma, passei a ser
invejado ou mesmo discriminado, e a medida com que estes passavam a ter
interesses no meu intelecto me forçava a reclusão nada saudável. A benção da
superinteligência parecia se tornar gradualmente uma maldição com a incidência
de sinais de depressão, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo.
Dei assim início a minha própria pesquisa sobre a medicação
neuroreprodutora apelidado pela mídia como neurocaína. A essa altura meu QI
era 300, o mesmo daquele que outrora era considerado o homem mais
inteligente do mundo, William Sidis James. Todos testes de QI passaram a ser
como brincadeiras infantil de modo que os especialistas agora julgavam que toda
amplitude de minha inteligência não poderia ser mensurada com precisão por
testes convencionais.
Dez anos após o incidente meu QI ultrapassava a última marca por mim
descrita indo a curva do imensurável. Havia escrito nesse período cerca de 50
livros que agora chamavam a atenção da mídia e logicamente de intelectos que
não atinavam ao mesmo, mas por vias da antiética.
Fiquei isolado do mundo, cercado por aparatos de segurança e dentro de
meu laboratório numa gaiola de Faraday por medo de invasões e visitas
indesejáveis. Fora nessa época em que comecei a enxergar padrões pertinentes
no próprio acaso e assim prever movimentos com precisão assim como variáveis.
Era como se o mundo físico não fosse mais feito de matéria e energia, mas ondas
e informações organizadas de modo a conceber o mundo físico conhecido, ora
mesmo o ato sexual era uma forma de transmissão de dados afim de combina-
los numa nova forma de vida. Mas agora com esse QI o pico de minha
sexualidade adquirido entre os 130 e 170 declinou como uma subjugação aos
meus instintos e desejos primitivos enxergando na futilidade do ato em si, da
transa pela transa como muitos medíocres obcecados eram.
Certo dia acordei e fitei meu braço de forma estranha, era como se visse
detalhes imperceptíveis de modo translúcido até minhas veias que ao adentra-las
em sofrimento por sentir o câncer de minha vizinha fitei o líquido sanguíneo
como se fossem frações de dados transmitidas espacialmente de um ponto a
outro. Tudo parecia um grande código não tão distante da mais sofisticada
simulação. Fora naquele dia em que percebi que meu corpo parecia se integrar
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