LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
assuntos gradualmente mais complexos, de filosofia a física o que era visto com
espanto pelos meus parentes. A leitura fluía indo de 4 livros por ano à 25 assim
como minha facilidade de escrita de onde postulava anotações que julgava de
relevância. Passei a pensar que o verdadeiro intelecto busca é resolver
problemas, buscar a verdade e respostas, gostar de objetividade e clareza num
alto padrão moral, ou seja, prima pela verdade. Aquilo era algo aparentemente
confirmado como indicativo de pesquisas feitas sobre superdotados e aspirantes
a genialidade.
Tão logo passei a desdenhar de discussões ideológicas de cunho político,
passei a pensar que a verdadeira bondade estava pautada em preceitos com
aspirações universais acima de padrões de pensamentos arraigados em legados
filosóficos comprovadamente falíveis perante a história. Vi a necessidade assim
de tornar essas anotações numa autobiografia o qual compartilhava minhas
visões de mundo.
Após findo os seis meses toda bateria de exames fora refeita demonstrando
que a curva de aumento de meu intelecto não somente não cessou como
aumentou exponencialmente assim como o número exponencialmente crescente
de novas conexões neurais. Meu QI agora disparava nos 170 demonstrando
melhor desempenho nas demais áreas do pensamento das 7 inteligências de
Gardner. A medida que meu intelecto aumentava pseudociências e tolas
superstições sem efeitos de benéficos práticos e legais aos envolvidos
desvaneciam com repulsa. Porém, começava a observar padrões inefáveis a
intelectos menores e onde a ação humana não atingia, denotando algum tipo de
inteligência intangível e superior. As ideias de paradoxos temporais que tanto
perturbam muitos foram facilmente resolvidos por mim por postulados de uma
teoria que aspirava a teoria do tudo ao reunir aspectos relativistas de Einstein e
da mecânica quântica no espectro de múltiplas dimensões. O que era
inicialmente um ensaio filosófico começou a ser transcrito com facilidade para a
linguagem dos números o qual outrora tinha dificuldade. Meus cálculos levaram a
composição que supostamente mesmo explicava o motivo da existência da seta
do tempo por eventos supostamente intangíveis num futuro vindouro.
Minha produção intelectual aumentou exponencialmente levando-me a
escrever cerca de 4 livros por anos, de ficção a não ficção, sobre os mais
variados temas. Via o universo com desdém as niilidades dos crimes e do mal, e
como tudo que não tivesse sentido como as vísceras da insanidade. Observava
como era tola a busca insana do homem pelo poder a todo custo, de como o
lema da ignorância cobiçosa era ocultar e destruir tudo que não é capaz de
possuir ou compreender. Tais desejos fúteis serviam apenas ao embrutecimento
numa cauterização não somente da consciência, mas do intelecto.
No último retorno ao centro de pesquisa meu QI agora tinha algo em torno
de 210. Apesar de ter sido notado um aumento na sensibilidade pela escala Hare
e testes subjacentes as discussões que outrora tinha com amigos eram fatigantes
e tediosas. O lema da trinca política, fuxicos e futebol eram quase vergonhosas
para mim.
Apesar de não acreditar inicialmente no sobrenatural e em paranormalidade
comecei a demonstrar uma sensibilidade empática incomum onde conseguia
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