LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Aldenor Pimentel
Boa Vista/RR
Mata
Quando era pequeno, sua mãe o embalava na rede, enquanto entoava uma
canção de ninar que contava a história da Mãe do Mato: uma criatura que fazia
pessoas que não eram bem-vindas se perderem na floresta. Ele dormia e
acordava e, mesmo de olhos abertos, tinha pesadelos.
A Mãe do Mato não saía da sua cabeça. Celso cresceu e, com ele, o seu
medo se transformou em repulsa: pela Mãe do Mato e por tudo aquilo que a ela
se relacionasse. Diferente de seus pais, não queria ser lavrador. Foi para a capital
e se tornou dono de uma madeireira.
Anos depois, pisava novamente naquelas terras. Voltara à cidade natal, a
trabalho, para coordenar a derrubada de madeira de lei da melhor qualidade,
recém-descoberta em mata fechada.
Partiram. Lá, Celso, de longe, observava o início dos trabalhos. Dava ordens
e as via serem executadas. A equipe, pouco a pouco, adentrava a mata mais e
mais. Até que já não era possível ouvi-los de onde Celso estava. Aquele silêncio
era perturbador. Eles já estavam demorando muito e Celso resolveu procurá-los,
para saber o que acontecia, antes que anoitecesse. Por segurança, entrou na
mata com um motosserra nas mãos.
Não os encontrou. Caminhava, caminhava e parecia voltar sempre ao
mesmo lugar. Já não sabia onde estava. Perdera-se. Ouviu um barulho, que
parecia vir ali de perto, de alguém que se escondia entre as folhagens. Perguntou
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