Revista LiteraLivre 17ª edição | Page 39

LiteraLivre Vl. 3 - nº 17 – Set./Out. de 2019 Ana Paula de Oliveira Gomes Fortaleza/CE O Vacilo do Louro Meu Louro - na verdade, de verde cor – não era um papagaio, mas O Papagaio. Exímio falador, auxiliava sua dona nas atividades desenvolvidas: andar na contramão como já cantara Raul! A polícia, por seu turno, de olho já se encontrava na movimentação. Contudo, jamais desconfiara de Meu Louro como olheiro, na verdade, baita olheiro! Bem treinado, em toda batida policial, bradava à humanidade: “-Chegaram, chegaram”. Ato contínuo, a dona em direção ao esconderijo. Zero por cento de êxito nas operações da autoridade pública! Mas a fonte não era confiável? Quando o povo fala, não foi ou é ou está para ser?! O caso começou a intrigar a polícia. Diversas tentativas frustradas. Questão de honra capturar a suposta infratora! E mais uma busca no vácuo. No entanto, como por milagre, erigiu o grito denunciador: “-Polícia se foi, polícia se foi”. Em bom “cearensês”: Meu Louro deu um vacilo! Silêncio eloquente. O nada foi tudo no azo. Tocaia. A espera não seria, desta feita, vazia esperança. Miraculosamente, a espera seria o sonho dos acordados... Apareceu a desaparecida e até Meu Louro foi em cana!!! Cem por cento de acerto. O curioso foi o batismo da operação policial: “Aparecida”. Insólito pelo fato em si e pela nominação a posteriori. Na casuística em questão, em que pese a semelhança com a ficção, ouvi dizer que se trata de fato. Na contemporaneidade nada reflexiva, o virtual, não raro, é real. Não vou dizer que é mentira o caso narrado pelo colega conversador de histórias. História ou estória de JJ? O tudo resultou do nada. O nada àquele ocultara. A profecia se cumpriu: “Não há nada encoberto que não venha a ser descoberto”. Qualquer semelhança com a realidade, mera coincidência? Ou providência? Há cousas nesta vida que é melhor sem saber! [36]