Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 43

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 cores quentes do vermelho, laranja e amarelo cobrem a paisagem, os animais começam a se esconder e o silencio melancólico das lembranças distantes substituem o chilrear do pássaros e o zumbido das abelhas que vieram antes. E ainda, assim como o resto, o Outono passa e o Inverno chega. Tudo fica branco, em uma beleza fria e implacável que esconde a terra como um cobertor que esconde uma criança cansada. É duro, cruel e sem misericórdia daqueles que não estão preparados, mas também é protetor e misterioso, em um conflito eterno, mas equilibrado. No entanto, mesmo o Inverno passa e o ciclo se reinicia. É um círculo sem fim de vida e morte, sempre mudando, sempre diferente, mas ao mesmo tempo, sempre o mesmo. Por que isso acontece Mãe? E a Mãe, brilhante e maternal, com os cabelos de sol e os olhos do céu de verão que iluminam a pele prateada de luar, responde: - É o Tempo, minha amada Criança. Tudo aquilo que se liga a terra tem uma ordem e um limite. As Estações são uma representação eterna do poder do Tempo naquilo que ele afeta, pois elas são constantes, mas sempre diferentes da encarnação anterior. - Nós também temos um tempo, Mãe? – pergunta a Criança. - Não, meu amor. Nós somos filhos da Magia e como tal o Tempo não tem palavra ou voz naquilo que vivemos. Nós aprendemos e crescemos em nosso próprio ritmo, paramos onde desejamos, mudamos apenas se for nosso desejo, e a não ser que forças externas interfiram, o Tempo não pode colocar um limite em nossa existência. Mesmo se nossos corpos se forem ainda existiremos, em formas diferentes, talvez, mas ainda aqui, ainda mudando e vivendo em nossos próprios termos, porque a Magia não tem forma e nem fim e todo Fae é feito de magia, seja ele jovem ou velho, sábio ou tolo, da Corte dos Seelie ou da Corte dos Unseelie. – responde a Mãe. A Criança reflete as palavras da Mãe e acena com a cabeça antes de mais uma vez sair correndo, desta vez em direção a multidão que celebra em torno do grande carvalho. Ela dança em meio as folhas caídas com outros jovens e cria pequenas luzes vermelhas nas pontas de seus dedos para se divertir fazendo-as dançarem em torno de si no ritmo dos tambores e flautas tocados pelos adultos. 40