Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 42

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 As Estações e o Tempo Gabriela Borges de Pádua Faleiros Capetinga/MG Tempo, a força que governa as vidas mortais, o que coloca um limite naquilo a ser alcançado, pois não importa quão segura é uma existência o seu tempo vai, cedo ou tarde, chegar ao inevitável fim. Mas essa força definidora é irrelevante para aqueles que ele não pode tocar, e na Terra das Fadas, a sagrada Avalon, o tempo não pode tocar ninguém. Estações passam e mudam. Com cada troca que ocorre o Povo celebra, pois os Fae são seres de magia, e não importam suas origens, sejam os belos e honrados Seelie ou os manipuladores e apaixonados Unseelie, as Estações são a única prova constante do Tempo que passa, mas não os afeta verdadeiramente. Agora, neste instante, o Outono colore Avalon. Os Fae festejam e comemoram o equinócio ao redor do mais antigo carvalho do Reino. Em meio à multidão de seres uma criança, jovem e inocente, ainda aprendendo os caminhos dos Mundos, corre em direção a sua mãe, cheia de curiosidade, com os cabelos negros da noite balançando ao vento e os olhos da floresta brilhando em seu rosto da cor da terra fértil: - Mãe, por que o mundo muda? - O que quer dizer amor? – pediu a Mãe, curiosa com a intenção de sua progênie. E, com toda a seriedade e sabedoria que apenas uma criança Fae é capaz de alcançar e demonstrar, a Criança diz: - O mundo a nossa volta muda constantemente. A Primavera é cheia de vida, alegre como uma criança e gentil como o colo de uma mãe. As flores florescem e os animais nascem. O verde cobre cada pedaço do chão e os pássaros cada pedaço do céu, mas logo a doçura da Primavera dá lugar ao temperado Verão. O calor ofusca e queima, mas também aquece os corações e alegra os rostos. Tudo fica dourado sob a luz do dia e o ar cheira a mel, mas assim como ele veio, o Verão se vai, para ser substituído pelo quieto Outono. As 39