Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 33

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 de viagens, e que poderia levantar-se muito mais alto, até onde ninguém tinha ido antes. O longo tubo de metal branco foi rapidamente para o céu azul, mas alguns instantes depois, o céu tornou-se negro, completamente preto e cheio de estrelas, como no primeiro dia do mundo. Em princípio, Paulinho e Pomicinha não percebiam a sensação de viajar com uma velocidade assustadora. Então eles viram debaixo deles o globo azul, que se tornava visivelmente mais pequeno, e eles sabiam que aquele era o mundo em que sempre tinham sido, desde o primeiro de seus dias. Por um momento, sentiram uma sensação nunca experimentada, um tipo de medo ou ansiedade, algo que um grãozinho de areia nunca deveria sentir. O ar não estava mais lá, mas voavam, com uma velocidade impressionante, no espaço profundo, sem ruídos, sem toques, porque não havia mais o fluxo de ar sobre eles. A expedição espacial terminou com um pouso na superfície da Lua. Com o impacto, os dois grãozinhos de areia foram lançados a partir da casca do navio e caíram sobre uma pilha de poeira lunar. A viagem de Paulinho e Pomicinna tinha parado. Nos céus negros desprivados da atmosfera, nunca mais poderiam encontrar nem um sopro de ar para os levantar. Só podiam observar desconsolados - para sempre - aquele grande globo azul, alto no céu da Lua, em que podiam ver ventos e tempestades a mover continuamente enormes nuvens brancas, rodando em forma de espirales. Em Paulinho e na sua companheira surgia, a partir de profundo, uma espécie de saudade. O mundo do movimento contínuo tinha-se mudado para eles no mar da Paz Eterna, onde nada muda e onde o céu é sempre preto. O reino da quietude eterna. Próximo a eles, plantado no solo da Lua, um mastro com uma bandeira que nunca teria podido bater no vento. https://www.liutprand.it 30