LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
dormir. Sentindo um formigamento nos pés, Robson acordou para ver que estava
sendo sugado pelo arbusto que virá antes de dormir. Tentou levantar em vão,
pois, seus pés estavam presos no arbusto. Com medo de ser devorado ou
engolido, começou a socar a planta que acabou prendendo seus braços.
Percebendo que a morte estava à espreita, Robson agiu inconsequentemente
mastigando e cuspido as folhas do arbusto para soltar-se, conseguindo livrar
suas mãos e pés para fugir do monstro.
Enquanto corria, Robson quase perdeu sua vida caindo no penhasco,
ficando a centímetros da morte. O mundo que estava era caótico demais para ele
viver, ou melhor, sobreviver, logo mais, ele morreria de um jeito estranho e
desagradável. Olhou para o fundo do penhasco e viu na sua escuridão milhares
de pontos luminosos. Julgou que seria uma bela morte cair nessas belíssimas
profundezas estreladas, uma morte melhor que ele merecia, disso ele tinha
certeza, porque foi um homem mal na maior parte da sua vida, matando e
roubando, por necessidade e prazer. Constatou que tinha sorte, ninguém jamais
verá o que ele viu, sentir o que ele sentiu e viver nesse mundo fantástico e
perigoso.
Suspirou, abriu bem os olhos e pulou, esperando a brusca descida, o que
não aconteceu. Seu corpo flutuou, como se não possuísse peso nenhum, assim,
começou a subir e subir, chegando perto mar acima. Uma fagulha de esperança
surgiu no seu peito, ele poderia nadar até seu mundo, deixando a morte esperar
mais um pouco. Mas seus planos e sonhos não coincidiram com o destino que foi
prometido. Chegando próximo do mar, uma bocarra enorme, muito maior que
Robson poderia medir, o engoliu como se fosse um pedaço de milho e por não ser
devorado, ele passou semanas sofrendo no estômago ácido do monstro que
nunca virá por inteiro.
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