Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 224

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 Um coração novo Lucas Pires Brasília/DF O homem senta na maca e, enquanto o médico o examina, ele respira profundamente, observando a luz branca e forte, presente no teto da sala. —Hum, o que exatamente te trouxe aqui? - pergunta o médico —Eu preciso de um coração novo doutor – o homem responde. A luz branca, no teto da sala, cintila ao som do ar condicionado velho, que vibrava na parede. O clima era gélido, porem, também era, de alguma forma, acolhedor. O cheiro de remédios e álcool em gel tomava toda sala, causando um efeito entorpecedor aos desacostumados. O médico, se demonstrando perplexo, olha para o homem e, espirando fundo, lhe questiona: —O senhor que um coração? Tem certeza disso? —Mas é claro. Eu preciso muito disso – responde o homem, completamente confuso com a pergunta do médico. —Mas, como assim você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo é por não ter um? – questiona, agora em tom alto, o médico. O homem tenta argumentar, perplexo com a falta de sentido da discussão proposta pelo médico, mas não obtêm resultado. O doutor, agora se levantando para sair da sala, diz em tom alto e firme: —Entenda rapaz: corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem. Esqueça essa ideia e viva sua vida – diz o doutor, se retirando da sala. https://www.instagram.com/le_leprechaun_/ 221