LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
Um coração novo
Lucas Pires
Brasília/DF
O homem senta na maca e, enquanto o médico o examina, ele respira
profundamente, observando a luz branca e forte, presente no teto da sala.
—Hum, o que exatamente te trouxe aqui? - pergunta o médico
—Eu preciso de um coração novo doutor – o homem responde.
A luz branca, no teto da sala, cintila ao som do ar condicionado velho, que
vibrava na parede. O clima era gélido, porem, também era, de alguma forma,
acolhedor. O cheiro de remédios e álcool em gel tomava toda sala, causando um
efeito entorpecedor aos desacostumados.
O médico, se demonstrando perplexo, olha para o homem e, espirando
fundo, lhe questiona:
—O senhor que um coração? Tem certeza disso?
—Mas é claro. Eu preciso muito disso – responde o homem, completamente
confuso com a pergunta do médico.
—Mas, como assim você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo é por
não ter um? – questiona, agora em tom alto, o médico.
O homem tenta argumentar, perplexo com a falta de sentido da discussão
proposta pelo médico, mas não obtêm resultado. O doutor, agora se levantando
para sair da sala, diz em tom alto e firme:
—Entenda rapaz: corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para
não se partirem. Esqueça essa ideia e viva sua vida – diz o doutor, se retirando
da sala.
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