LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
Sapos
Thaís Faria Yoshidome/Pseudônimo: Clarice Lins
Ribeirão Preto/SP
Dentre tantos sapos, antes
Engastalhados
Em minha garganta
Eis, aqui, a sobra
O único resquício daquilo
Que não me deixava
Apreciar,
Saborear,
Reinventar
E afirmar a vida.
Eis, aí, um dos protagonistas desse
Desengastalho
Nessa crítica ao parnasianismo,
Ao formalismo exacerbado,
Serviçal de uma norma,
De um jeito de ser “formal”,
Que engole,
Que degole a essência e
Que só aceita o parnasiano, o “normal”,
Renasci.
Nesse momento,
Algum caçador de sapos atravancou o caminho,
Foi adentrando o brejo em que eles habitavam
Dentro de mim
Aos poucos foi desbravando,
Reconfigurando toda a formalidade e
Tornando-me própria a mim mesma,
Sem sapos, sem parnasianos,
Sem formalidade.
Restou-me, claro,
Conviver com sapos,
Mas escolher entre engoli-los
Ou degola-los.
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